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Internacional
Terça - 01 de Março de 2011 às 19:00

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O chanceler britânico afirmou nesta terça-feira que a imposição de uma zona de exclusão aérea na Líbia não requer exclusivamente a aprovação das Nações Unidas, contradizendo diretamente uma declaração feita mais cedo pelo colega francês.

O secretário britânico de Relações Exteriores, William Hague, disse que em condições "ideais" a ação seria determinada por uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, mas acrescentou que anteriormente a iniciativa aconteceu independente das Nações Unidas.

"Houve ocasiões no passado em que uma zona de exclusão aérea como esta teve justificação internacional clara e legal, mesmo sem uma resolução do Conselho de Segurança", disse Hague à BBC. "Depende da situação no terreno", acrescentou.

Hague admitiu que o governo teria que obter um "aconselhamento legal integral" antes de agir com aliados estrangeiros sem o suporte da ONU, e acrescentou: "certamente seria necessário um nível muito elevado de apoio internacional".

Os comentários de Hague foram publicados horas depois de o novo ministro das Relações Exteriores da França, Alain Juppe, afirmar no Parlamento francês que não haveria zona de exclusão aérea sem uma resolução da ONU.

"No momento em que falo com vocês, nenhuma intervenção militar está prevista", disse Juppe ao Parlamento.

"Diferentes opções estão em estudo - sobretudo a de uma zona de exclusão aérea -, mas eu digo, muito claramente, que nenhuma intervenção será adotada sem uma determinação clara do Conselho de Segurança das Nações Unidas", acrescentou.

O apoio da ONU parece improvável, depois que a Rússia, uma das parceiras da França e da Grã-Bretanha no Conselho do Segurança, sugerir que vetaria qualquer resolução.

O chanceler russo, Sergei Lavrov, descartou mais cedo planos da Grã-Bretanha de decretar uma zona de exclusão aérea, considerando-os "excessivos".

Susan Rice, embaixadora dos Estados Unidos nas Nações Unidas, intensificou a pressão esta terça-feira sobre o líder líbio Muamar Kadafi.

"Vamos pressioná-lo economicamente em conjunto com o resto da comunidade econômica", disse Rice à NBC News. "Vamos pressioná-lo militarmente", acrescentou.

Líbios enfrentam repressão e desafiam Kadafi
Impulsionada pela derrocada dos presidentes da Tunísia e do Egito, a população da Líbia iniciou protestos contra o líder Muammar Kadafi, que comanda o país desde 1969. As manifestações começaram a tomar vulto no dia 17 de fevereiro, e, em poucos dias, ao menos a capital Trípoli e as cidades de Benghazi e Tobruk já haviam se tornado palco de confrontos entre manifestantes e o exército.

Os relatos vindos do país não são precisos, mas tudo leva a crer que a onda de protestos nas ruas líbias já é bem mais violenta do que as que derrubaram o tunisiano Ben Ali e o egípcio Mubarak. A população tem enfrentado uma dura repressão das forças armadas comandas por Kadafi. Há informações de que Força Aérea líbia teria bombardeado grupos de manifestantes em Trípoli. Estima-se que centenas de pessoas, entre manifestantes e policiais, tenham morrido.

Além da repressão, o governo líbio reagiu através dos pronunciamentos de Saif al-Islam , filho de Kadafi, que foi à TV acusar os protestos de um complô para dividir a Líbia, e do próprio Kadafi, que, também pela televisão, esbravejou durante mais de uma hora, xingando os contestadores de suas quatro décadas de governo centralizado e ameaçando-os de morte.

Além do clamor das ruas, a pressão política também cresce contra o coronel Kadafi. Internamente, um ministro líbio renunciou e pediu que as Forças Armadas se unissem à população. Vários embaixadores líbios também pediram renúncia ou, ao menos, teceram duras críticas à repressão. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas fez reuniões emergenciais, nas quais responsabilizou Kadafi pelas mortes e indicou que a chacina na Líbia pode configurar um crime contra a humanidade.





Fonte: AFP

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