Num momento em que o México perde espaço na agenda de Obama — por causa da turbulência no mundo árabe, da frágil recuperação econômica dos EUA e das dificuldades da Casa Branca em aprovar o próximo orçamento —, Calderón causou surpresa na semana passada ao acusar Washington de prejudicar os esforços mexicanos contra o narcotráfico.
Calderón não repetiu essas queixas quando apareceu ao lado de Obama na entrevista coletiva na Casa Branca. Mas Obama deixou claro que ouviu o apelo de seu colega para que os EUA se empenhem mais no combate ao consumo de drogas e às transferências ilegais de armas e dinheiro para as quadrilhas mexicanas.
Embora insistindo que os EUA já ampliaram seus esforços nessas áreas, Obama disse a jornalistas: "Nós temos que assumir a responsabilidade assim como ele está assumindo a responsabilidade (...). Estamos colocando cada vez mais recursos nisso."
Mais de 36 mil pessoas já morreram no México desde que Calderón assumiu o cargo e mobilizou as Forças Armadas para combater os traficantes. Na semana passada, um agente alfandegário dos EUA foi morto e outro ficou ferido por pistoleiros numa cidade mexicana.
A espiral de violência preocupa os investidores estrangeiros e faz com que alguns turistas evitem o México. Casos de sequestro relacionados ao narcotráfico têm se espalhado também para o lado norte-americano da fronteira.
A partilha de informações entre autoridades dos dois países aumentou, mas a desconfiança entre as forças de segurança tem impedido progressos. Os recursos do México já estão sobrecarregados, e os Estados Unidos têm opções limitadas.
A ida de Calderón à Casa Branca - a primeira desde a visita oficial em maio - ocorre depois de uma entrevista a um jornal mexicano em que ele criticou várias agências do governo dos EUA, como CIA e DEA. "A realidade é que não se coordenam entre si, eles são rivais", afirmou Calderón.
Segundo documentos publicados recentemente pelo site WikiLeaks, autoridades dos EUA disseram em janeiro do ano passado que seus colegas mexicanos não estavam colaborando no combate aos cartéis da droga.
Durante a reunião, Obama e Calderón selaram um acordo a respeito de uma disputa envolvendo o transporte por caminhões, o que prejudica um comércio bilateral que supera 1 bilhão de dólares por dia.
(Reportagem adicional de Dave Graham na Cidade do México e Jeremy Pelofsky, Doug Palmer e Jeff Mason em Washington)
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