José Arimatéia afirma que decidiu pela exumação por novas informações levantadas pela polícia civil.
Juiz diz que ainda pairam dúvidas sobre morte de Leopoldino
O juiz José Arimatéia Neves Costa afirmou que concedeu a decisão para uma nova exumação dos restos mortais do juiz Leopoldino Marques do Amaral porque não sabia da existência de um processo em andamento na Justiça Federal sobre a morte do magistrado. Arimatéia é titular da Vara Especializada em Crime Organizado, Crimes Tributários, contra a Ordem Econômica, Crimes contra a Administração Pública e Crimes de Lavagem de Dinheiro da Comarca de Cuiabá.
Em entrevista ao site da TVCA, na tarde desta quinta-feira, o juiz Arimatéia declarou que ainda há muitas dúvidas no processo de investigação e indícios de que o corpo sepultado não seria de Leopoldino. "A autorização surgiu após o levantamento feito pela Polícia Civil, que suscitou as dúvidas nas apurações e fez o pedido para a exumação. Porém, eu não tinha conhecimento de que na esfera federal havia um processo tramitando", frisou.
Nesta quarta-feira (2), em cumprimento da decisão do juiz, peritos do Instituto Médico Legal (IML) foram até Poconé para retirar os restos mortais de Leopoldino e realizar a exumação. No entanto, ainda ontem, a Justiça Federal considerou ilegal a decisão por alegar conflito de competência no caso. Apesar da posição do Ministério Público Federal, que demonstrou perplexidade para com a atitude de Arimatéia, o magistrado declara ter obtido respaldo em um pedido de exumação feito em 2006, pelo então juiz Pedro Sakamoto, que atuava na 7° Vara Criminal da capital.
"Como já havia um pedido da Justiça Estadual, nos anexos do processo, percebi que não traria nenhum conflito de competência. Também não entendo essa paixão do Ministério Público Federal pelo fato, pois, se houve essa decisão é porque a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa nos procurou com novas dúvidas", pontuou.
O delegado Márcio Pieroni, da DHPP, foi quem remeteu o documento para a Vara Especializada, no ano passado, requerendo uma nova diligência. No entanto, o magistrado destaca que remeteu o caso para a Justiça Federal, após a anulação da exumação. Por outro lado, aponta que seu objetivo está em esclarecer quaisquer dúvidas que pairam sobre o crime. "Eu tenho 18 anos na magistratura e para mim o juiz criminal tem que investigar a verdade. Só trabalhamos com certeza e não dúvidas. Por isso, eu ainda decidiria pela exumação", defende.
Morte em dúvida
Apesar da ação correr em sigilo, José Arimatéia revelou que as dúvidas sobre a morte de Leopoldino se dão diante de suspeitas sobre os laudos da arcada dentária, que não estariam condizentes com que o foi apresentado pelo médico particular do juiz. Isto porque exames de DNA feitos por laboratórios de Campo Grande (MS) e São Paulo não demonstraram absoluta certeza de que o corpo encontrado no Paraguai em setembro de 1999 era de Amaral.
O laudo de Campo Grande, por exemplo, não teria sido concluído. Um terceiro exame, de acordo com ele, realizado por um laboratório de Brasília (DF), teria apontado como negativo no primeiro diagnóstico. Ao refazer as análises, em um segundo momento, é que o exame teria constatado a evidência do corpo.
A possibilidade de uma pessoa ter tido contato com Leopoldino do Amaral e, atualmente, estar sofrendo ameaças, também deixam o caso ainda mais rodeado de mistérios. Arimatéia conta que um preso e sua esposa estariam sendo ameaçados por terem informações do juiz, que teria morado em La Paz, na Bolívia, e atualmente estaria residindo na Suíça. Os depoimentos foram colhidos pelo delegado Márcio Pieroni, após a mulher do jovem ter procurado proteção policial.
A história parece complexa, como classifica Arimatéia, porém, ressalta que precisa ser melhor apurada. Conforme informações repassadas por ele, os supostos contatos com o homem que seria Leopoldino teriam ocorrido em 2010. Foi quando uma pessoa identificada como Roberto marcou de se encontrar com o juiz e convidou um amigo para ir junto.
No desenrolar da viagem, o "amigo" foi preso por tentativa de latrocínio e, somente Roberto se encontrou com o homem que seria Leopoldino. As ameaças contra o jovem e sua esposa tiveram início por Roberto, que estaria tentando manter em sigilo a nova identidade de Leopoldino Marques do Amaral.
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