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Internacional
Sexta - 04 de Março de 2011 às 15:09

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O ex-diretor da universidade britânica London School of Economics (LSE) Howard Davies, que renunciou ao cargo devido a ligações com o regime da Líbia, disse que não se arrepende de ter treinado integrantes do governo de Muammar Gaddafi.

Davies anunciou sua demissão na noite desta quinta-feira, depois de sofrer críticas devido a um financiamento de pesquisa de 300 mil libras (R$ 800 mil) dado à universidade por uma fundação liderada pelo filho de Gaddafi, Said, que estudou na LSE.

Em entrevista ao programa "Today", da BBC Radio 4, o ex-diretor disse que pediu demissão, em vez de ter sido demitido, e afirmou que tomou a decisão para preservar a reputação da instituição.

"A escola vai se recuperar [...], mas ela vai se recuperar mais rapidamente se eu admitir a responsabilidade por dois erros de julgamento", disse Davies.

Segundo ele, os erros foram considerar aceitável receber doações da fundação de Said al Islam e atuar como enviado econômico do governo britânico na Líbia --no cargo, ele serviu de instrutor de jovens membros da administração líbia.

Davies afirma que os líbios lhe ofereceram um salário de US$ 50 mil para aconselhamento financeiro, dinheiro o qual ele pediu que fosse revertido para um fundo de bolsas de estudo. "Não recebi nenhum dinheiro da Líbia."

No entanto, o ex-diretor da LSE diz que a decisão de treinar os líbios foi acertada. "Não houve sanções para lidar com o regime líbio, muitas empresas e organizações neste país [Reino Unido] lidaram com eles", afirmou.

"Dizer que nós não vamos treinar autoridades em países em desenvolvimento por coisas que os regimes podem ou não ter feito é muito curioso", disse Davies, que não vê a Líbia como um regime "monolítico".

"Essa não é a maneira como o lugar é, não é a maneira como as pessoas nos pareceram, eram pessoas jovens com talentos bastante desejáveis."

INDEPENDÊNCIA

O ex-diretor nega que o recebimento de doações de fundações ligadas a regimes não-democráticos prejudique a sua independência. Segundo ele, instituições de ensino como a LSE são bastante cuidadosas em não permitir interferências em suas linhas de pesquisa.

Davies também disse que não pediria desculpas por sua gestão de dez anos em frente à LSE, da qual ele diz ter muito orgulho, agregando que não sacrificou sua independência.

Um inquérito independente será realizado para apurar as ligações entre a London School of Economics e o governo líbio.
 






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