Empresário Eraí Maggi é acusado de interferir junto à Sema para se autobeneficiar ou para prejudicar concorrentes
Assembleia criará CPI das PCHs; Sema e Erai Maggi serão investigados
A Assembleia deve aprovar na próxima semana a proposta de instauração de CPI para apurar ações suspeitas da secretaria estadual de Meio Ambiente nos processos de licenciamento para abertura e exploração de pequenas centrais hidrelétricas. Um dos alvos é o megaempresário Eraí Maggi, primo do ex-governador e senador Blairo Maggi. Ele é sócio de PCHs e é acusado de interferir em alguns processos junto à Sema ou para beneficiá-lo ou para prejudicar concorrentes. Alguns casos com indícios de irregularidades já estão em poder de parlamentares.
Numa sondagem de bastidores, ao menos 12 deputados revelaram que vão aprovar o pedido de CPI. Eles receberam até dossiês que denunciam o que chamam de manobra e conchave na Sema para privilegiar grupos de empresários. Alguns procedimentos adotados pela pasta, hoje sob o coronel PM Alexander Maia, não obedecem ao chamado princípio da isonomia.
Para evitar interferências políticas, entre elas de Maggi, o que pode inviabilizar a Comissão, os deputados preferem argumentar que não vão investigar nem a gestão passada e nem a atual, mas sim servidores. A Maggi Energia, do grupo que tem Blairo Maggi como um dos sócios, possui, por exemplo, 6 das 11 PCHs que foram construídas ao longo de 130 km do rio Juruena, que do seu lado esquerdo pertence a Sapezal e, do lado direito, corre por Campos de Júlio, Comodoro e Juína. O empreiteiro Carlos Avalone também é dono de usinas na região.
A bacia do Juruena abriga 11 terras indígenas de cinco etnias, com cerca de 88 aldeias. Índios da nação Enawenê-Nawê protestam contra as PCHs. Eles afirmam que há contaminação do rio. A água que era cristalina agora está suja e até imprópria para beber, resultado do impacto da instalação das usinas. A CPI quer aprofundar nesse assunto.
A Justiça Federal até já havia determinado suspensão do licenciamento da usina hidrelétrica Juruena, a segunda maior entre as 11 previstas no trecho do rio. A obra tinha sido autorizada pela Sema, a pedido do consórcio formado pela Maggi Energia e pelas empresas Linear Participações e MCA Energia. O MPF sustenta que o processo foi irregular porque o consórcio obteve a licença com base em informação inverídica sobre a capacidade de geração prevista no empreendimento: 25 megawatts.
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