Três anos depois do acidente, a embarcação continua nos fundos do rio Cuiabá.
Acidente com chalana completa três anos e famílias cobram conclusão do inquérito
No dia em que completa três anos do acidente com a Chalana Semi Tô à Toa, as famílias das vítimas ainda aguardam que a embarcação seja retirada do fundo do rio para que o inquérito do caso possa ser concluído. O acidente aconteceu em 2008 quando um grupo de 12 turistas se reuniu para pescar no pantanal mato-grossense.
As famílias reclamam que não há nenhuma informação sobre o andamento do inquérito ou se há a previsão de uma nova licitação para retirar a chalana do fundo do rio Cuiabá. "Não temos nenhuma informação por parte da polícia ou da Marinha. A gente precisa saber se tinha algo de errado, qual foi o problema", afirma Gean Scarabotollo, filho de uma das vítimas do acidente.
"Na verdade, o mínimo que a gente quer é saber as causas do acidente", afirma Bruno Scaderlai, também filho de uma das vítimas. Ele relembra que apenas na época do acidente é que foi informado sobre os primeiros procedimentos. "O governo falou que ia abrir processo para apurar as causas do acidente. Depois disso não fomos mais procurados. A sensação que temos hoje é de que nada foi feito, a gente não sabe as causas, se houve explosão do motor. Nós, familiares, não temos respostas", conta Bruno.
Para que o inquérito seja concluído, é preciso que uma perícia seja feita na chalana que ainda está no fundo do rio Cuiabá. Uma primeira licitação foi feita para definir a empresa responsável pela reflutuação da embarcação, que desistiu do serviço depois de duas tentativas frustradas. Na época, o dono da empresa informou que por duas vezes suas equipes tentaram remover a chalana do fundo do rio e que não tinha conseguido.
O delegado Valter Cardoso Ribeiro de Moura, que cuida do caso, afirmou que pediu prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito e que até hoje não foi informado da desistência da empresa que deveria fazer a retirada da embarcação. Valter disse ainda que provavelmente vai concluir o inquérito sem a perícia na chalana.
Ainda em agosto do ano passado, a Secretaria de Justiça informou que iria abrir uma nova licitação para contratar outra empresa para retirar a chalana do fundo do rio Cuiabá. O secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado, disse que um novo processo está em andamento para que outra licitação seja realizada com o objetivo de retirar a chalana do fundo do rio.
O acidente
Os sobreviventes declararam que a chalana saiu por volta das 15h do sábado, dia 8 de março de 2008, com 22 pessoas a bordo. Eram 12 turistas e 10 tripulantes. Eles passaram sete horas navegando no rio Cuiabá em direção ao rio Piquiri. Às 22h, ancoraram. A embarcação retornou a navegar duas horas depois, por volta de 1h. E às 4h começou a naufragar. Os turistas estavam em suas cabines e os tripulantes dormiam em aposentos próximos à casa de máquinas. As cozinheiras descansavam em compartimentos perto da cozinha da chalana.
Nos depoimentos, os sobreviventes disseram que quando acordaram tinha água na parte traseira do barco e que logo foi inundando os quartos. O barco em cerca de 30 segundos inclinou a popa e afundou no rio.
A chalana Semi Tô à Tôa fazia a segunda viagem, depois de passar por uma reforma geral e após a inspeção da Marinha do Brasil.
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