Os ministros de Exteriores da comunidade realizarão na quinta-feira uma reunião especial sobre a Líbia e prepararão a cúpula extraordinária de chefes de Estado e Governo de sexta-feira, na qual será discutida a onda de protestos e revoltas nos países do Norte da África e Oriente Médio.
A UE admite que a revolta líbia gerou uma guerra civil que pode ser longa. "Ninguém espera que o regime de Kadafi se desmorone em poucos dias", reconheceu uma fonte diplomática.
Outra questão abordada será as reuniões mantidas pelos enviados do líder líbio, Muammar Kadafi, no Cairo e Lisboa, para onde viajaram após uma consulta das autoridades portuguesas com a alta representante da UE, Catherine Ashton, segundo uma fonte europeia.
Na própria União se reconhece que as ideias de uma zona de exclusão aérea sobre o céu líbio para evitar que Kadafi use a aviação militar nos combates, ou um bloqueio naval para impedir a chegada de armas ou mercenários, necessitam do consenso internacional e, sobretudo, árabe.
Os europeus, e os ocidentais em geral, querem evitar que uma possível implicação militar seja vista pelos radicais islâmicos como uma nova agressão contra um país árabe, como ocorreu com a invasão do Iraque em 2003.
"Muitos países não árabes acham que não é possível uma operação militar sem apoio político dos países da Liga Árabe", ressaltou outra destacada fonte europeia.
O fundamental está, não só na Liga Árabe e na União Africana, mas no Conselho de Segurança das Nações Unidas, onde também não há, por enquanto, indícios de uma unanimidade necessária para a ação.
Apesar disso, a fonte considerou que "se os enfrentamentos continuarem sendo tão fortes" como nos últimos dias, "aumentará a pressão sobre a comunidade internacional para atuar".
Em um debate no Parlamento Europeu em Estrasburgo, Catherine se mostrou cautelosa sobre uma ofensiva contra as defesas aéreas de Kadafi e apostou em deixar "os líbios fazerem sua própria revolução".
Catherine também assinalou suas reservas sobre o reconhecimento do Conselho Nacional de Transição como interlocutora do povo líbio.
"Reconhecemos Estados, não Governos", afirmou a fonte comunitária de Bruxelas.
Também nesta quinta-feira, pouco antes da reunião ministerial, está prevista a conclusão do procedimento iniciado pela UE para ampliar as sanções econômicas europeias à Líbia a entidades financeiras do regime de Kadafi.
O processo termina na manhã de quinta-feira e entre as instituições sancionadas estarão o Banco Central e a Autoridade Líbia de Investimento, um fundo soberano com participações em importantes empresas internacionais e cujos ativos já foram bloqueados nos EUA.
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