Gates diz que seria "insensato" matar Gaddafi em operação internacional
O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Robert Gates, afirmou neste domingo que seria "insensato" matar o ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, na operação militar da coalizão internacional que, desde sábado, ataca alvos estratégicos no país do norte da África. A declaração foi feita após o Pentágono ter afirmado que a ação iniciada no sábado causou sérios danos ao sistema de defesa aéreo líbio.
"Creio ser importante que operemos no marco do mandato da resolução do Conselho de Segurança da ONU [Organização das Nações Unidas]", afirmou. "Se começamos a adicionar objetivos, creio que geraremos outro problema", falou a jornalistas dentro do avião que o leva à Rússia.
"Creio ser insensato colocar metas que não se sabe se poderão ser alcançadas."
Gates afirmou ainda que os assessores do presidente Barack Obama apoiaram por unanimidade sua decisão de usar a força militar na Líbia, minimizando a possibilidade de divisões no governo.
"Qualquer presidente que está contemplando o uso de força militar deve exigir um debate corajoso, um debate intenso entre seus assessores em todas as ramificações."
"Qualquer posição que seja que as pessoas assumiram nesse debate e nessa discussão, houve apoio unânime para a decisão tomada pelo presidente."
Segundo Gates, os EUA veem muitas possibilidades para uma futura liderança da campanha militar na Líbia, mas os aliados árabes mostraram certa resistência em operar sob a bandeira da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte).
"Acho que há duas possibilidades. Uma é a liderança britânica e francesa. Outra é o uso da estrutura da Otan", afirmou.
"Acredito que há uma sensibilidade por parte da Liga Árabe pelo fato de poder ser vista operando sob o guarda-chuva da Otan. E, então, a questão é se existe uma maneira que podemos trabalhar fora do comando da Otan e comandar a estrutura sem que seja uma missão da Otan e sem uma bandeira da Otan."
DANOS
Mais cedo, os EUA afirmaram que os ataques da coalizão contra defesas aéreas da Líbia nos últimos dois dias tiveram sucesso em paralisar as atividades das forças leais ao ditador Gaddafi. O Pentágono também questionou o novo cessar-fogo declarado pelas forças do país do norte da África e disseram que as forças ocidentais "não estão indo atrás" do líder líbio.
O vice-almirante Bill Gortney, diretor do Estado Maior Conjunto do Exército dos EUA, afirmou a jornalistas que não houve atividade aérea ou emissões de radar por parte da Líbia e que tem havido uma diminuição significativa na vigilância aérea do país devido à operação.
Segundo Gortney, o Pentágono questiona todas as declarações do governo de Gaddafi, incluindo sua alegação de que iria aderir a um novo cessar-fogo.
Até agora o Pentágono não registrou nenhuma perda de aeronaves nos ataques da coalizão contra as tropas terrestres da Líbia nem mortes de civis, afirmou Gortney.
Fumaça foi vista nos céus de Trípoli na direção do palácio presidencial, mas Gortney disse que os EUA não têm o líder líbio em sua lista de alvos.
O vice-almirante afirmou ainda que a coalizão que age contra Gaddafi, inicialmente formada por EUA, Grã-Bretanha, França, Itália e Canadá, foi ampliada para incluir Bélgica e Catar.
Neste domingo, o regime de Gaddafi anunciou um novo cessar-fogo imediato, em resposta "ao apelo da União Africana pelo fim das hostilidades", declarou um porta-voz do Exército durante coletiva.
O anúncio ocorre menos de 24 horas depois de bombardeios das forças dos EUA, França e Reino Unido, após uma resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU que autorizava o uso da força para "proteger civis líbios" das tropas de Gaddafi.
"As forças armadas líbias divulgaram um comunicado para que todas as unidades militares respeitem o cessar-fogo imediato", disse o porta-voz.
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