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Política
Segunda - 21 de Março de 2011 às 18:26

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Ao lançar nesta segunda-feira o Partido Social Democrático (PSD), o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, afirmou que a legenda adotará um caminho independente. Declarou, no entanto, que a sigla apoiará o governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo e estará à "disposição" da presidente Dilma Rousseff.

"Não deixo a oposição. O partido é independente. Estaremos ao lado do governo federal em relação aos projetos que acreditamos serem o melhor para o país e estaremos contra nos projetos que não acreditamos", disse Kassab, que deixará o Democratas, em entrevista após o ato de criação do PSD.

"Torcemos muito para que a presidente Dilma Rousseff faça um bom governo. É bom para o país", declarou, rechaçando o que chamou de "contra pelo contra". "Significa nos colocarmos à disposição da presidente Dilma Rousseff para ajudá-la a ser uma grande presidente", acrescentou.

O prefeito explicou que esta postura não significa alinhamento e adesão ao governo federal e lembrou que não votou em Dilma, mas em José Serra (PSDB) nas eleições presidenciais do ano do ano passado.

"As relações com José Serra são inquebrantáveis. É uma relação muito forte. Tenho por ele admiração e onde ele estiver com projeto eu estarei ao seu lado", declarou sobre o aliado e mentor, que foi responsável por sua ascensão à prefeitura paulistana.

Em São Paulo, a aliança com o PSDB permanece. "Ajudamos a eleger Geraldo Alckmin e Guilherme Afif e, portanto, continuaremos a ser aliados", acrescentou o prefeito, se referindo ao vice-governador do Estado, Guilherme Afif Domingos, que o acompanhará na mudança de legenda.

O pedido de criação da nova sigla partidária foi assinado pelos futuros integrantes do PSD em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo nesta segunda-feira. Havia cerca de cem pessoas no ato.

A previsão é que o partido esteja aprovado até setembro. Enquanto isso, Kassab e seus apoiadores permanecem em suas legendas. Para concorrer à eleição municipal do ano que vem, a nova legenda deverá estar registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até setembro. Entre as exigências está a coleta de quase 500 mil assinaturas de eleitores.

Inicialmente, a sigla iria chama-se Partido da Democracia Brasileira (PDB). Apelidado por adversários de "partido da boquinha", mudou para PSD, sigla que já existiu entre 1945 e 1965 e apoiava o governo do ex-presidente Getúlio Vargas. Teve em seus quadros o ex-presidente Juscelino Kubitschek.

Além de São Paulo, o prefeito citou a criação de grupos de trabalho para formar o PSD em Salvador, onde houve uma prévia da sigla no domingo, Tocantins, Roraima, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Se juntam a Afif e Kassab na nova legenda o ex-governador de São Paulo e atual secretário de Negócios Jurídicos da prefeitura, Claudio Lembo, e a ex-deputada federal Zulaiê Cobra, além de deputados federais, estaduais e prefeitos.

DE OLHO NO GOVERNO DO ESTADO

A movimentação de Kassab tem o objetivo de ampliar seu espaço político e de dar as condições para que ele concorra ao governo do Estado em 2014. A escolha de uma nova sigla, apesar das negociações com o PMDB e o PSB, foi a saída encontrada pelo prefeito para impedir que o DEM requisitasse seu mandato na Justiça, o que poderia ocorrer caso ele se filiasse a um partido já existente.

Em uma demonstração de que deixou o DEM para trás, disse que deseja "boa sorte" à legenda e a seus dirigentes, como o novo presidente José Agripino Maia (RN), com quem conversou por telefone nesta segunda.

Na prefeitura da capital paulista até o final do ano que vem, ele rejeitou as críticas de que a criação do PSD tenha intenção fisiológica.

"Apregoaram que viemos para aderir ao governo A, ao governo B, ao governo C. Nós viemos para ajudar o Brasil a crescer", disse. "Todos aqueles que integram o partido hoje são pessoas que têm seus compromissos, e que serão respeitados", acrescentou.

Também foi afastada a fusão com outras legendas, como chegou a ser apontado. Segundo Kassab, o partido terá candidato nas eleições municipais do ano que vem com coligações.

Coube a Afif ler os 12 princípios do PSD, entre eles alguns de cunho liberal como respeito aos contratos e defesa ao livre comércio. Foi feita também a defesa do voto distrital, como prega o PSDB.

A ex-deputada Zulaiê Cobra disse que a nova sigla não vai "apoiar cegamente" o governo federal e afirmou tratar-se de legenda de oposição, mas "diferente". Depois do PSDB ela foi para o PHS (Partido Humanista da Solidariedade) e em seguida para o DEM.

Também presente ao evento, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB) disse que não pretende se filiar ao novo partido, mas deixou uma porta aberta para o caso de Kassab o convidar para ser candidato a prefeito em 2012.

No mesmo dia, foi divulgada pesquisa Datafolha que indica queda na avaliação do prefeito. Em quatro meses, o número dos que avaliam o governo de Kassab como ótimo ou bom caiu oito pontos (de 37 por cento para 29 por cento).

No início do ato, assim que Kassab começou a discursar, um grupo protestou contra o aumento da tarifa de ônibus da capital paulista, que passou de 2,70 reais para 3 reais em janeiro. Eles foram retirados do auditório enquanto o prefeito pedia que os tratassem com delicadeza.





Fonte: Reuters

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