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Política
Terça - 22 de Março de 2011 às 20:09

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Uma frase do primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, na qual afirma que sente "pena" do líder líbio, Muammar Kadafi, gerou nesta terça-feira uma forte polêmica e duras críticas da oposição. O líder da oposição, Pierluigi Bersani, disse que as palavras de Berlusconi revelam uma "indecorosa nostalgia" que "desacredita" o Executivo da Itália perante o mundo.

"Tenho pena de Kadafi e sinto muito. O que está ocorrendo na Líbia me afeta pessoalmente", afirmou Berlusconi em Turim durante uma reunião de seu partido, o Povo da Liberdade (PDL). A frase gerou críticas da oposição italiana, que usou palavras muito duras para qualificar a "compreensão" do governante sobre o ditador líbio.

"Trata-se de uma indecorosa nostalgia que acrescenta mais confusão e descrédito à posição do governo italiano e que é incompreensível aos olhos da Europa e do mundo", afirmou Bersani, líder do Partido Democrata (PD). Pier Ferdinando Casini, líder do partido democrata-cristão UDC, disse que Berlusconi deve assumir uma linha clara, "já que não é aceitável dizer que sente pena de Kadafi".

"Nós não nos preocupamos com a destino do ditador, nos preocupamos com os milhares de mulheres e homens líbios assassinados por Kadafi e suas tropas. Entre o carrasco e as vítimas não temos a menor dúvida de com quem estamos", ressaltou Casini. A Itália colocou à disposição da coalizão internacional sete bases militares e oito caças-bombardeiros para fazer cumprir a resolução da ONU sobre a Líbia.

Berlusconi assegurou que os aviões "não atirarão" contra a Líbia, já que o único objetivo será ajudar a manter a zona de exclusão aérea sobre o país norte-africano. Seu aliado no governo, o partido Liga Norte, vê com receio a presença italiana na coalizão internacional e disse que apoiará a participação sempre que for para garantir o bloqueio dos fluxos migratórios do norte da África ao litoral italiano, e Berlusconi se comprometer a proteger os acordos energéticos com a Líbia.

A Itália assinou com a Líbia em 2008 um Tratado de Amizade, Associação e Cooperação. Até pouco tempo, Berlusconi e Kadafi mantinham uma cordial relação, e nos últimos anos o líder líbio viajou em duas ocasiões a Roma. Os acordos entre os países propiciaram negócios bilaterais por um valor de mais de US$ 40 bilhões anuais.

O governo italiano também mantinha com a Líbia acordos militares para que país africano se comprometesse a impedir a saída de imigrantes para a Itália.

Líbia: de protestos contra Kadafi a guerra civil e intervenção internacional
Motivados pela onda de protestos que levaram à queda os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em meados de fevereiro para contestar o líder Muammar Kadafi, no comando do país desde a revolução de 1969. Mais de um mês depois, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas.

A violência dos confrontos entre as forças de Kadafi e a resistência rebelde, durante os quais multidões fugiram do país, gerou a reação da comunidade internacional. Após medidas mais simbólicas que efetivas, o Conselho de Segurança da ONU aprovou a instauração de uma zona de exclusão aérea no país. Menos de 48 horas depois, no dia 21 de março, começou a ofensiva da coalizão, com ataques de França, Reino Unido e Estados Unidos.
 





Fonte: AFP

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