Governo atualizou valores e a previsão é que os consumidores paguem até 15% mais
Bebidas ficarão mais caras
Cervejas, refrigerantes e águas minerais ficarão mais caros para o consumidor nas próximas semanas. Os valores das bebidas sofrerão aumento de 10% a 15% na indústria chegando a uma alta de 1,59% no consumidor final, conforme estimativa de representantes do setor. O reajuste é decorrente da correção anual da tabela de preços que serve de base para a cobrança de impostos sobre os produtos, que foi anunciado na terça-feira (22) pelo secretário da Receita Federal, Carlos Alberto Barreto.
O Ministério da Fazenda calcula que a decisão deverá ter um impacto de, no máximo, 1,59% na ponta da cadeia, ou seja, no varejo. Nas indústrias, os valores serão reajustados em pelo menos 10%. De acordo com o secretário, só não houve aumentos até agora porque o governo decidiu segurar os impostos durante a crise econômica de 2008/2009. Desde janeiro de 2009, os preços de referência desses produtos não eram reajustados. Eles são usados para a cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL).
Segundo o diretor da Renosa, fábrica da Coca-Cola em Mato Grosso, Severino Ramos Neto, os novos preços ainda não foram confirmados, mas é fato que o aumento será repassado ao consumidor. "Creio que nos próximos dias os preços das bebidas sofrerão variação". Para ele, o reajuste irá estagnar os investimentos programados pelo setor. "A fábrica da Coca-Cola, por exemplo, está adiando a ideia de instalar mais uma unidade em Mato Grosso e outra no Maranhão". Além disso, a alta nas prateleiras deve frear o consumo.
O presidente da Indústria Marajá, Cláudio Bruhemueller, lembra que o reajuste está sendo estudado pela categoria junto com o governo há pelo menos 1 mês. Ele revela que as negociações iniciais apontavam para uma alta variável entre 40% a 110%. Para ele, a expectativa é que o impacto seja de 15% na indústria. "O setor já possui uma das maiores cargas tributárias do país".
A previsão de reajuste em até 10% também é estimado pelo vice-presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (Abir), Milton Seligman. Ele explica que a indústria propôs ao governo, como forma de convencê-lo a manter os preços de referência, um investimento de R$ 7,7 bilhões e a criação de 60 mil empregos este ano. Seligman disse também que o reajuste ao consumidor, decorrente do aumento dos impostos, é "natural", mas não confirmou se o repasse seria integral.
Embora ainda a alta não tenha sido aplicada na ponta, consumidores já percebem a inflação nos preços dos produtos. A costureira Cleuza Dartora afirma que o incremento da renda familiar não é compatível com o dos alimentos. "Meu salário aumenta, mais ainda sim falta dinheiro porque a alta no preço dos produtos prevalece".
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