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Economia
Quinta - 24 de Março de 2011 às 09:01

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Representantes do segmento do agronegócio em Mato Grosso alertam o governo estadual para a possibilidade de ocorrer no Estado a internacionalização de terras produtivas. O anúncio do risco do agronegócio de Mato Grosso ser tornar um monopólio nas mãos de empresas multinacionais foi dado ao secretário-chefe da Casa Civil, Eder Moraes, durante um encontro entre o representante do governo e líderes da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja), Associação Mato-grossense dos Produtores de Algodão (Ampla) e da Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso ( Famato).

A probabilidade de haver em áreas mato-grossenses uma redução de produtores rurais e um aumento no domínio de terras cultivadas por grandes empresas, que recebem investimentos do exterior, foi apontado por um levantamento feito pela Aprosoja e pela Ampa. No estudo, que analisou 40 produtores em débito bancário, endividamento rural inviabiliza o setor agrícola, o que pode causar a internacionalização das terras produtivas do Estado.

De acordo com o diretor executivo da Famato, Seneri Paludo, 20% dos produtores rurais estão sem capital para quitar dívidas bancárias, estas contraídas em 2004 e alongadas até este ano.

“Em um universo de cinco mil produtores rurais que Mato Grosso possui, cerca de mil deles estão sem condições de honrar as dívidas com os bancos. Se o governo estadual não nos ajudar a pressionar o governo federal a enxergar a nossa situação, esses produtores rurais negativados no mercado bancário vai abandonar o segmento e arrendar as terras. Ação esta que dá margem para que as empresas de grande porte ampliem os ramos dentro do Estado, a partir do momento que arrendam as áreas dos produtores em dívidas bancárias”, explica Seneri Paludo.

“Com isso, o agronegócio de Mato Grosso fica nas mãos de uma meia dúzia de empresas, que passam a ditar as regras e impor preços”, acrescenta o diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Fávaro.

O deputado federal Neri Geller (PP), que intermedia no dia 30 de março uma reunião entre a equipe técnica do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), o secretário-chefe Eder Moraes e representantes do agronegócio, afirma que o atual endividamento rural se estende desde 2004, quando os produtores rurais, em sua maioria plantadores de milho, soja e algodão, tiveram perdas na safra devido às fortes chuvas. “Nessa época em que as chuvas foram intensas o segmento rural recebeu ajuda, porém no ano seguinte, quando se esperava uma recuperação, houve o surgimento das pragas, da ferrugem asiática e da mosca-branca. Já em 2006 os preços despencaram por causa da variação cambial e desde então os produtores estão endividados devido às constantes quedas do próprio capital”, comenta Neri Gueller.

Na reunião do dia 30, que ocorre na Casa Civil, os representantes da Aprosoja, Ampa e Famato apresenta a equipe técnica do BNDES os números totais do endividamento rural hoje no Estado.

Aumento na produção e de área plantada em MT

O diretor administrativo da Aprosoja, Carlos Fávaro, explica que apesar de Mato Grosso registrar nos últimos anos aumento na produção e de área plantada, diminuiu no Estado o número de produtores rurais. Essa redução se deve ao fato do endividamento rural, que indiretamente é benéfica às empresas de capital estrangeiro. “Com dívidas o produtor rural deixa de plantar e decide arrendar as suas terras. Nesse momento entram em ação as empresas multinacionais, que se aproveitam da dificuldade econômica do produtor e passar a alugar a área. Com recursos financeiros em abundância, essas mesmas grandes empresas de capital exterior acabam aumentando o leque de atuação no Estado e conseqüentemente ampliando a área e produção em decorrência da desistência de produtores rurais do segmento rural”, relata Carlos Fávaro.







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