Conselheira diz que presidente Al Assad tentará satisfazer clamor da população
Síria estuda revogar lei de emergência em vigor desde 1963
Em fotografia feita sob a supervisão das forças de segurança síria, um homem caminha pelas ruas vazias de Daraa, no sul do país, palco de violentos confrontos que deixaram 25 mortos na quarta-feira. A Síria vive sob uma lei de emergência desde 1963, que proíbe demonstrações públicas contra o governo e instituiu lei marcial no país desde então
A televisão estatal síria informou que a conselheira da Presidência, Bouthaina Shaaban, daria uma entrevista coletiva para divulgar estas medidas. Bouthaina anunciou que “serão adotadas importantes resoluções para satisfazer às reivindicações do povo”, segundo a televisão Al Arabiya, baseada no Emirados Árabes Unidos.
- Fico feliz em anunciar as decisões do partido, sob a chancela do presidente Bashar al Assad, em estudar a revogação do estado de emergência e a legalização dos partidos políticos.
O estado de emergência decretado há mais de 40 anos autoriza a prisão e condenação de indivíduos sem que sejam emitidos mandados de prisão ou sejam julgados, além de proibir reuniões em espaços públicos e manifestações contra o governo. O anúncio acontece em meio a violentos protestos em Daraa, no sul do país, onde manifestantes pedem reformas imediatas no governo.
Governo denuncia "campanha de desinformação"
Quanto às informações publicadas por diversos meios de comunicação sobre a violenta repressão dos protestos, a conselheira do presidente Bashar al Assad afirmou que há “uma campanha de desinformação internacional contra a Síria”.
A cidade de Deera, no sul do país, onde 32 pessoas morreram desde o início das revoltas, segundo a Comissão Síria de Direitos Humanos, vive nesta quinta-feira um dia de luto após a morte de mais de uma dezena de pessoas na quarta-feira (23).
Uma moradora de Deraa declarou à emissora Al Arabiya que a região amanheceu “desolada, como uma cidade fantasma”, com ruas vazias, escolas fechadas e os acessos bloqueados pelas forças de segurança.
Um correspondente da rede de TV árabe informou que cerca de 3.000 pessoas protestam em uma área próxima a Deraa e se dirigem para o centro da cidade carregando galhos de oliveira que simbolizam a paz com o objetivo de romper o cerco imposto sobre a cidade.
Por sua vez, o site opositor ao regime sírio Akhbar el Sharq informou que a mesquita Al Umari, palco de enfrentamentos entre governo e manifestantes nesta quarta-feira deixaram 25 mortos, segundo a Al Jazeera, está cercada e que milhares de pessoas se aproximam do local. Segundo testemunhas citadas pelo site, é possível ouvir o barulho de tiros na cidade.
A Síria vive desde 1963 sob a lei de emergência, que impede a convocação de manifestações públicas, mas nos últimos dias foram registradas concentrações em vários pontos do país.
Em meio a um cenário de violentos protestos contra o regime, o presidente da Síria, Bashar al Assad, assinou um decreto nesta quarta-feira concedendo “um aumento salarial imediato” de até 30% para o funcionalismo público do país, anunciou a agência oficial de notícias Sana.
Desde o dia 15 março a Síria vem sendo palco de um movimento de protestos contra o regime, sobretudo no sul do país. A repressão do governo aos manifestantes já deixou mais de cem mortos, segundo ativistas dos direitos humanos.
Os salários inferiores a R$ 332,00 (o equivalente a US$ 200) terão um reajuste de 30% e os de valor superior a este, de 20%, diz o decreto presidencial.
A pobreza afeta 14% dos 22 milhões de sírios, segundo o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento). O desemprego golpeia 20% da população economicamente ativa, de acordo com especialistas independentes.
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