Governo convoca reunião com centrais para tratar crise de Jirau
A situação é acompanhada com extrema preocupação e o governo buscará um acordo entre as empresas e os trabalhadores. "Nós acreditamos que é um situação explosiva, que se dá com a grande aglomeração de operários e alguns procedimentos equivocados das empresas", disse.
A obra de Jirau foi palco de revolta de trabalhadores na semana passada --o canteiro foi depredado.
Segundo ele, os alojamento e a alimentação são problemáticos. "O que nós queremos é que as empresas façam um pacto com as centrais sindicais para dar um tratamento adequado aos trabalhadores."
O ministro disse ainda que pedirá que as centrais sindicais elejam um interlocutor nas negociações. De acordo com ele, a disputa entre entre as bases sindicais estão ajudando a "fermentar" esse processo. A declaração foi dada na comemoração dos 20 anos da Força Sindical, em São Paulo.
DISPUTA
Uma disputa entre sindicatos ligados à CUT e à Força Sindical pode estar por trás dos conflitos que levaram à depredação do canteiro de obras da hidrelétrica de Jirau, em Rondônia, conforme matéria da Folha de terça-feira.
O Sticcero (Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Rondônia) apontou, na Justiça do Trabalho, que um sindicato concorrente teve participação nos episódios na usina.
Estão em uma disputa judicial o Sticcero, criado em 1986, e o Sintrapav-RO (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada de Porto Velho), entidade fundada em 2008, ano do início das obras da usina.
O sindicato mais antigo é filiado à CUT (Central Única dos Trabalhadores). O Sintrapav integra uma federação ligada à Força Sindical. Somadas, as contribuições sindicais dos 22 mil trabalhadores de Jirau e dos 15 mil da usina de Santo Antônio atingem cerca de R$ 1 milhão por ano.
Em novembro, o Sticcero obteve da Justiça do Trabalho decisão que proibiu o concorrente de praticar "atos em nome da categoria".
Na quinta passada, o Sticcero acusou o rival de distribuir, em Jirau, um panfleto assinado como "Comissão dos Trabalhadores".
Alguns itens coincidem com os defendidos pelos trabalhadores após a revolta: reajuste de 15% e visita à família a cada 60 dias.
O advogado do Sticcero, Flávio Henrique Orlando, disse que a entrega de folhetos aos trabalhadores "foi fator que contribuiu para o caos instalado no canteiro".
OUTRO LADO
O Sintrapav confirmou que entregou folhetos em Jirau, mas disse que a distribuição ocorreu em setembro. Mas o presidente do sindicato, Aldizo de Oliveira Barreto, negou ter produzido o documento. "Não entramos lá [no canteiro]. Estamos sub judice. Quanto ao resto, só posso falar em juízo", disse. A Força Sindical disse considerar natural a disputa.
Com reportagem de RODRIGO VARGAS, enviado a Porto Velho (RO)
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