Delegado teria articulado farsa sobre assassinato de juiz
O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), delegado Márcio Pieroni, é apontado como um dos articuladores da suposta ‘farsa’ montada em torno da morte do juiz Leopoldino Marques do Amaral, conforme o depoimento do detento Abadia Paes Proença, encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF).
À Polícia Federal, o detento afirmou que durante a reconstituição do crime envolvendo a morte de uma advogada, pelo qual está preso, em uma conversa entre os policiais civis, um homem de 30 anos teria comentado que "até hoje o caso do juiz Leopoldino não foi resolvido".
Ouvindo isso, o detento disse acreditar que o magistrado estava vivo. Questionado sobre o que o levaria a crer nesta possibilidade, ele disse ter trabalhado na loja que pertencia a mulher de Leopoldino.
Algum tempo depois, após a conversa, Abadia foi procurado pelo delegado da Homicídos. Segundo Pieroni, o homem que ouviu a conversa entre o detento e os policiais é neto do desembargador Odiles Souza, que na época da morte do magistrado foi acusado de vender sentenças para traficantes com o apoio de Josino Pereira Guimarães, acusado de ser o mandante do assassinato de Leopoldino.
Já em depoimento formal ao delegado, Abadia declarou ter trabalhado com José Roberto Padilha da Silva, na loja da esposa de Leopoldino e teria o encontrado por acaso na Praça Popular durante a Copa do Mundo em 2010.
Durante o encontro, Roberto teria afirmado que o juiz estava vivo residindo na Bolívia e se encontrava com ele e que teria recebido um carro e um apartamento de presente do próprio Leopoldino.
Abadia pontuou ainda ter sido induzido pela Polícia Civil a ligar para José Roberto, que estava com o telefone grampeado, na tentativa de ‘arrancar’ alguma informação sobre a possibilidade de Leopoldino ainda estar vivo.
Luziane Pedrosa da Silva, ex-mulher do detento, também teria sido orientada pela polícia a entrar em contato com José Roberto. Ao fazer isso, ele que apenas “deu em cima” dela e não falou nada a respeito da morte do magistrado.
A suposta ameaça a Luziane e ao ex-marido teria de fato acontecido somente após o início das investigações chefiadas por Pieroni. “Indagado se recebeu alguma ameaça diretamente ou indiretamente, afirma que recebeu apenas dois bilhetes no presídio, ameaçadores e entregou para a Policia Civil dizendo que achava que só poderia ter partido de José Roberto ou das duas outras pessoas que estão sendo acusadas do crime de latrocínio juntamente com o declarante”, conforme trecho do depoimento prestado a PF.
Diante dos relatos, o MPF questionou o fato de Luziane ter apresentado notícia criminis no dia 9 de novembro de 2010 e a investigações sobre Leopoldino terem começado no dia 25 do mês anterior.
Procurado pela redação do Olhar Direto, através de assessoria, Márcio Pieroni declarou que não irá se pronunciar sobre o caso, pois todos os atos foram respaldados por dois juízes estaduais.
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