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Economia
Terça - 29 de Março de 2011 às 00:42

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Países emergentes como o Brasil encontraram na última década um espaço importante para crescer no mercado externo com suas exportações de carnes, mas um concorrente de peso, os Estados Unidos, tenderá a ganhar competitividade internacional no setor nos próximos anos em função de um dólar desvalorizado frente a outras moedas.

A avaliação foi feita por Wesley Mendonça Batista, presidente da JBS, a maior empresa global de carne bovina e a segunda em carne de frango, que tem hoje nos EUA grande parte do seu faturamento.
Se o dólar é um fator a ser enfrentado pelas companhias exportadoras da América do Sul, beneficiará a unidade norte-americana da empresa brasileira.

Com o tamanho do deficit americano, o dólar vai continuar enfraquecido comparado por muito tempo. Os Estados Unidos, nos próximos dez, vinte anos, vão voltar a competir com os emergentes ao redor do mundo em produção de commodities em todas essas áreas, afirmou Batista.

EXPORTAÇÕES

As exportações de todo o JBS em 2010 atingiram US$ 8,5 bilhões. Com as unidades dos EUA, o JBS acessa países que não importam a carne brasileira, como Japão e Coreia, que ainda pagam mais pelo produto bovino.

Mas com a carne norte-americana ganhando competitividade, a vida de empresas sul-americanas, incluindo do Brasil e da Argentina, possivelmente ficará mais difícil em grandes mercados, como a Rússia, que importa dos principais fornecedores.

Os mercados domésticos onde o JBS atua, especialmente o dos EUA, também são outra aposta da companhia. Embora a empresa conte com importantes atividades no Mercosul, a operação nos EUA é fonte de todo o restante do faturamento, ou de um montante que superou R$ 40 bilhões no ano passado.

OFERTA DE AÇÕES

A empresa ainda aguarda o melhor momento para fazer uma oferta pública de ações naquele país. A JBS não deixou de ter o interesse (no IPO), afirmou Batista. A gente acha que o enfraquecimento do dólar perante as moedas está pondo os Estados Unidos muito mais competitivos, e na nossa opinião o mercado não precificou isso, completou.

O POTENCIAL DO FRANGO

O ingresso do grupo no setor de carne de frango, com a Pilgrims Pride, preparou a companhia para atuar com o que muitos consideram a proteína animal do futuro, por apresentar maiores facilidades para a expansão da produção em meio à demanda crescente.

O próprio presidente da empresa admite que há uma inabilidade de aumentar a produção global de bois e vacas, uma situação semelhante enfrentada pelo setor de suínos.

E aí é o lado positivo para aves, é a única carne que tem maior elasticidade pra produzir mais rápido, ocupa menos espaço, é um processo integrado, afirmou.

VALOR AGREGADO

O JBS busca formas de agregar valor aos seus produtos, possivelmente por meio de alguma aquisição.

E foi também nos EUA que o JBS --embora negue oficialmente-- tentou a última investida nessa área, buscando comprar no início do ano a Sara Lee, uma gigante do varejo norte-americano de bebidas e carnes processadas com perfil que se enquadra bem no que os Batistas admitem buscar no futuro.

(Neste ano) Estaremos 100% focados em crescimento orgânico, em otimizar o nosso capital investido... Mas caso apareça oportunidade no mercado para crescimento, através de aquisição de alguma empresa de valor agregado, produtos de valor agregado, marca e com uma base de distribuição bastante consolidada, esse é o tipo de negócio que pode interessar ao JBS, declarou Batista, o quarto dos seis irmãos da família.

Mas o presidente do grupo disse que não está, no momento, buscando tal empresa. Amanhã, se aparecer alguma empresa que estrategicamente tenha essas características no mercado que a gente opera, vamos olhar sim, ponderou, frisando que a hora é de entregar um retorno adequado ao acionista.
 
 






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