Deputado acha que vazamento de declaração foi intencional e suspeita de colegas do DEM
Ofensa seria chamar ministro de "loiro", diz Júlio Campos
"Ofensivo seria se o chamasse de loiro, de alemão ou algo do tipo, e não moreno escuro. Aí sim, seria gozação. Mas, nunca vou fazer isso", disse o deputado federal Júlio Campos (DEM), sobre o episódio em que chamou de "moreno escuro" o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O parlamentar democrata ficou no "olho do furacão", na semana passada, ao se referir ao ministro do Supremo pela cor da pele, durante uma reunião da bancada do partido, na Câmara Federal. A atitude provocou constrangimento entre os seus próprios colegas de Parlamento e ganhou repercussão negativa na imprensa nacional.
Em entrevista ao MidiaNews, durante uma solenidade no Palácio do Governo de Mato Grosso, Julinho, como é conhecido no meio político o líder democrata, reforçou a tese de que não houve preconceito na declaração sobre o ministro da Suprema Corte.
"Estava combatendo o foro privilegiado, que em nada beneficia as autoridades porque só há uma instância para defesa, que é o Supremo Tribunal Federal (STF). Ao comentar o episódio do Ronaldo Cunha Lima [ex-deputado e ex-governador da Paraíba], não lembrei o nome do relator. Deu "branco" e citei moreno escuro, mas, sem nenhuma maldade", disse.
O democrata revelou, ainda, que, numa outra conversa, foi feita alusão à personalidade física de um ex-ministro do STF, para lembrar o seu nome.
"Estávmos numa reunião de deputados, quando perguntaram no lugar de quem o Luiz Fux foi empossado no STF. Aí, um deputado de São Paulo [nome não revelado] respondeu: "No lugar daquele barbudo e gordo. Só aí, lembramos que era o Eros Grau [aposentado compulsoriamento do STF]. Mas, não tem maldade ou preconceito algum", observou Júlio Campos.
Suposta manobra
Ao comentar toda a polêmica da qual foi o principal pivô, durante parte da semana passada, no cenário político nacional, Júlio Campos disse acreditar que deputados do próprio DEM vazaram sua declaração, feita numa reunião da bancada, com o intuito de prejudicá-lo.
"Orientaram a imprensa a agir desta maneira porque, infelizmente, tem gente enciumada, por conta do boato de que eu poderia me filiar ao PSD, partido que está sendo pelo Gilberto Kassab [prefeito de São Paulo]", disse o deputado.
Entenda o caso
Júlio Campos provocou constrangimento na reunião da bancada do partido na Câmara na terça-feira (22), ao chamar de "moreno escuro" o ministro Joaquim Barbosa, do Supremo Tribunal Federal (STF).
O deputado lançou mão da expressão ao criticar a eficácia do foro privilegiado destinado às autoridades no país e defender a prisão especial para autoridades, uma das questões polêmicas em debate na reforma do Código Penal, que está prestes a ser votada na Casa.
"Essa história de foro privilegiado não dá em nada. O nosso Ronaldo Cunha Lima [ex-deputado e ex-governador da Paraíba] precisou ter a coragem de renunciar ao cargo para não sair daqui algemado, e, depois, você cai nas mãos daquele moreno escuro lá no Supremo. Aí, já viu", afirmou.
Em entrevista a vários sites, o deputado mato-grossense afirmou que não desdenhou do ministro, nem usou a expressão "com maldade". Ele afirmou que, naquele instante, não lembrou do nome de Joaquim Barbosa.
"Eu falei: ‘O ilustre ministro moreno escuro", que não me lembro o nome. Não foi com nenhuma maldade. Não foi desdém com ninguém. Foi porque eu não me lembrava", justificou o deputado, em entrevista ao G1, da Globo.
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