Delegada afirma que ciúme motivou morte de irmãs em Cunha
O assassinato das irmãs Josely Oliveira, de 16 anos, e Juliana Oliveira, de 15 anos, foi motivado por ciúme e não por vingança, afirmou na tarde desta terça-feira (29) a delegada que investiga o crime. As adolescentes foram vistas pela última vez quando desceram do ônibus da escola em Cunha, a 231 km de São Paulo, na quarta-feira (23). Seus corpos foram encontrados na manhã de segunda-feira (28) em uma área de mata de difícil acesso, com cortes no pescoço e marcas de tiro na cabeça e no peito.
"Acredito que o motivo (do assassinato) foi ciúme ou sentimentos assim", disse a delegada Sandra Maria Pinto Vergal, titular da secccional de Guaratinguetá. A policial, porém, preferiu não detalhar mais a motivação "para não atrapalhar as investigações."
A polícia trabalha com a hipótese de que mais de uma pessoa praticou o crime. "Eram duas vítimas que foram levadas até aquele lugar e mortas por diversos disparos." Um suspeito já teve a prisão temporária pedida, mas a Justiça não havia se manifestado até as 14h desta terça-feira. Segundo a delegada, essa pessoa conhecia as vítimas e a família delas.
Exames iniciais não constataram indícios de violência sexual nos corpos das adolescentes. Para que a dúvida seja sanada, material orgânico das garotas foi colhido e enviado para o Instituto Médico Legal de São Paulo. O laudo deve ficar pronto nas próximas semanas.
Pai das meninas, o trabalhador rural José Benedito de Oliveira, de 57 anos, afirmou que perdoa o criminoso que matou suas filhas. “Perdoo de coração. Jesus diz que devemos perdoar e espero que ele não faça isso com outras pessoas”, afirmou Oliveira, logo após o enterro das jovens.
O sepultamento ocorreu por volta das 10h20 e reuniu mais de mil pessoas no Cemitério Municipal de Cunha. O trabalhador rural acrescentou que não esperava que as filhas fossem localizadas mortas. “Agora, é rezar e orar muito”, disse, ainda muito abalado com o assassinato das jovens. Josely estava no segundo ano do segundo grau e Juliana, no primeiro. Os pais são casados há 19 anos e a família tira a renda da produção rural.
Durante o enterro, dezenas de adolescentes choravam ao redor do túmulo. Amigas e conhecidas das irmãs disseram à equipe de reportagem do G1 que estão com medo da violência. “Aconteceu uma reunião na escola e pediram aos pais que não deixem as filhas saírem sozinhas”, afirmou a estudante Sueli Aparecida Oliveira, de 18 anos.
Outras estudantes, que falaram apenas na condição de anonimato, contaram que o clima na escola, assim como em toda a cidade, é de indignação e tristeza.
“Estava horrível nas aulas, todo mundo abatido. Quando soubemos [das mortes], ninguém esperava, foi muita tristeza”, disse uma jovem. A opinião das colegas era unânime quanto à personalidade das meninas. “Elas eram muito felizes, bem quietas, mas nunca tiveram inimizades. Iam muito bem na escola e todos os professores elogiavam”, disse Sueli.
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