Diretores do Mixto e do Cuiabá reclamam da falta de retorno e dizem que tabela mal elaborada prejudica a preparação dos jogadores
Contrato entre TVCA e FMF não ajuda, dizem dirigentes
O presidente do Mixto Esporte Clube, Reginaldo Amorim, afirmou, nesta quarta-feira (30), que o contrato de exclusividade de transmissão do Campeonato Mato-Grossense, firmado entre Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF) e TV Centro América (Globo), não proporciona benefícios aos clubes da elite do futebol profissional do Estado.
Segundo ele, cada time ganha R$ 5 mil por partida transmitida pela emissora. "Só isso não ajuda. O valor é ínfimo se comparado aos R$ 400 mil que a Federação faturou com o contrato de exclusividade à TVCA, por um prazo de cinco anos, assinado em 2009", afirmou.
A TV Centro América, segundo informações de bastidores, estaria faturado alto com a comercialização do campeonato, com cotas de até R$ 480.000,00 fechadas junto a órgãos públicos, com direito a inserções em dez jogos.
Em entrevista o MidiaNews, o presidente do Mixto também reclamou das condições a que o contrato entre a FMF e a TVCA tem obrigado os jogadores a se submeter. "Os jogadores estão enfrentando uma rotina estafante, jogando em horários impróprios e sem tempo suficiente para o descanso necessário entre uma partida e outra", disse.
Ele também reclamou do pouco retorno que a transmissão da TVCA tem proporcionado ao clube.
"Não houve grandes mudanças em termo de arrecadação. Não apareceram novos anunciantes. Tanto é que temos feito promoções, como mulher não pagara a ver os jogos, ou ingresso a R$ 5, para atrair o público. Outra desculpa que nos deram é que os jogos seriam inseridos no Fantástico [programa da Rede Globo, aos domingos], mas, até hoje, não vi nenhum gol do nosso campeonato no programa", disse.
TV define horários
Segundo o dirigente, a emissora de TV é quem define os dias e os horários dos jogos, seguindo a grade de programação disponível.
"Para cumprir a tabela do campeontado, os jogadores mal têm tempo de treinar e se preparar para um novo jogo", reclamou.
"O Mixto, por exemplo, joga no domingo (3) e, depois, terá de viajar 500 quilômetros até Barra do Garças para jogar na quarta-feira (6), às 15h, com um sol a pino. O mesmo acontece com o União, que joga no domingo em Rondonópolis e, depois, irá viajar 700 quilômetros para jogar em Lucas do Rio Verde", disse Amorim.
Nesta semana, o Cuiabá e o Mixto tiveram pedidos de mudança das partidas negados pela FMF. Os times reinvindicavam que, ao invés de os jogos serem realizados aos domingos e quartas-feiras, os mesmos ocorressem apenas durante os finais de semana.
O vice-presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, defendeu que os termos do contrato sejam reavaliados. "O campeonato irá terminar no dia 24 de abril e será jogo após jogo para atender a um contrato. É um absurdo. Precisamos rever esse contrato rapidamente", afirmou.
Segundo Dresch, o fator preponderante para que houvesse a negativa é que, caso não sejam cumpridos os horários e datas, há uma multa de R$ 50 mil, a ser paga pelos times.
Para o presidente do Mixto, faltou profissionalismo e, até mesmo, experiência para que clubes e a própria FMF ficassem cientes de que, assinando o contrato, perderiam autonomia de suas partidas.
"Ou a Federação não leu ou os 14 clubes, que também assinaram o contrato, não raciocinaram. Faltou experiência. Algumas coisas no campeonato têm de ser reavaliadas, reestruturadas. Eu acho que está faltando bom senso. Não pode ser priorizada uma só opinião. A TVCA tem de ter mais sensibilidade", afirmou Regionaldo Amorim.
Conselho Arbitral
Com a negativa da FMF, as mudanças no horário e também das datas das partidas, segundo Reginaldo Amorim, um Conselho Arbitral deve ser formado para discutir qual a providência a ser tomada nos próximos anos.
Conforme o presidente do Mixto, não é intenção, pelo menos ainda, de se discutir uma rescisão contratual. Porém, também não descartou a possibilidade de buscar até a Justiça para que nenhuma parte seja mais prejudicada.
"Falta união dos times. Com o Conselho, será o momento de todos participarem e também de rediscutirmos a forma que tem sido levada até aqui, que não tem sido interessante para nós", disse.
Sem lucro
Apesar da reavaliação que deverá ser feita pelos clubes, Amorim admitiu que o Mixto não é contra as transmissões televisivas.
"É inegável que é importante para o clube os jogos passarem na TV, dá uma alavancada, mas isso tem que ser discutido de forma profissional. Não podemos realizar partidas da forma como tem ocorrido. A qualidade técnica dos jogos diminui, o jogador não descansa e acaba sendo oneroso para o clube. Se queremos um futebol profissional, o profissionalismo tem de começar desde a forma de contrato", afirmou.
Outro lado
O presidente da Federação Mato-Grossense de Futebol (FMF), Carlos Orione, afirmou ao MidiaNews que não há qualquer problema entre a instituição e os clubes do Estado, em relação aos horários de realização das partidas.
Orione enfatizou que o contrato de exclusividade firmado entre a TV Centro América e a FMF teve a assinatura de todos os times que participam do Campeonato Mato-Grossense.
"Pode-se dizer que, em sua totalidade, os clubes assinaram e sabiam o que estavam assinando. Portanto, concordam com as cláusulas contratuais. Esses dois times estão querendo mídia", disse.
O gerente de marketing da TVCA, Cícero Mariano de Sá, reforçou a posição de Orione, e destacou que todos os clubes obtiveram cópias do contrato e concordaram com as cláusulas.
"Foi um contrato consensual. Sobre a reclamação em relação às datas dos jogos é importante destacar que, em outros campeonatos regionais, os clubes também jogam com grande regularidade", afirmou.
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