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Política
Sexta - 01 de Abril de 2011 às 07:47
Por: Raquel Ferreira

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Jorge Caramuru prova que delegado usou apenas parte de um documento que distorceu conteúdo
Jorge Caramuru prova que delegado usou apenas parte de um documento que distorceu conteúdo
Dois especialistas que periciaram os restos mortais do juiz Leopoldino Marques do Amaral, em momentos diferentes, afirmam não ter dúvidas que o corpo enterrado em Poconé (104 km ao sul de Cuiabá) pertence ao magistrado. O odontologista legal da Universidade de Campinas (Unicamp), Eduardo Daruge, responsável pelo primeiro exame de DNA, feito em 1999, afirma que somente um "louco", ou alguém que queira tumultuar o processo, afirmaria que o juiz continua vivo. (Leia a entrevista abaixo)

Diante de todos os documentos e provas periciais produzidas ao longo de 11 anos, para o diretor do Instituto Médico Legal (IML) de Mato Grosso, médico legista Jorge Caramuru, também não há dúvidas que o magistrado está morto.

Caramuru esclarece ainda que em momento algum emitiu documento à Polícia Civil afirmando que as imagens que constam no processo são nulas, conforme material apresentado esta semana à imprensa pelo delegado Márcio Pieroni, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), que reabriu o processo sobre a morte do magistrado.

O médico legista explica que houve um recorte do documento redigido pelo IML, que terminou distorcido e fora do contexto. "Não sei o que aconteceu, se o delegado não entendeu o que estava escrito. Não sei".

Caramuru esclarece que, no início do ano, Pieroni pediu ao IML, por meio de ofício, laudo de necropsia odontolegal e outros documentos periciais relacionados ao juiz. Na ocasião, o médico legista explicou ao delegado que entre os materiais havia um CD com fotografias, que não possuíam valor legal ou pericial. Porém, a afirmação não aponta para a invalidação de todo trabalho realizado pelo IML até o momento.

Conforme o diretor, no CD constam fotos, que provavelmente foram tiradas do corpo do juiz. Ele não sabe explicar porque elas foram digitalizadas, mas acredita que podem ter sido usadas por algum colega para fazer uma aula expositiva e depois colocou o CD junto ao processo.

Para ser considerada foto pericial, a imagem precisa ter número de identificação, número do exame e, dependendo da situação, réguas, entre outros elementos. "As fotos que estão no CD não têm essa identificação e para a medicina legal só vale o que podemos provar. Embora eu acredite que essas fotos do CD sejam do Leopoldino, eu não posso usar como prova".

No documento elaborado pelo IML e encaminhado para a DHPP existia essa explicação, em resposta à solicitação de Pieroni para que todo material fosse encaminhado à Justiça Federal.

Provas - Caramuru garante que, em 1999, a documentação apresentada pelo dentista de Leopoldino mostravam pontos de coincidência em relação ao corpo encontrado no Paraguai. "Todos procedimentos que constavam na ficha foram encontrados na arcada dentária, mostrando compatibilidade".

Sobre as novas fichas e molde apreendidos pelo delegado no consultório do dentista do juiz, Caramuru disse não poder opinar por não ter analisado o material.

O médico legista recorda ainda outras provas sobre a morte de Leopoldino: digitais coincidentes, exame de DNA feito em 1999, exumação e exame de DNA realizados em 2006. Os 2 exames atestaram em 99,99% de chances do corpo ser do juiz.

Caramuru destaca que em 2006 existiam 2 boatos relacionados ao corpo enterrado em Poconé. O primeiro dava conta que os restos mortais não eram do magistrado e o segundo apontava para a troca de cadáveres.

A primeira situação foi esclarecida por meio do exame de DNA. No segundo caso, Caramuru comenta que durante a exumação foi constatada a ausência de partes do corpo, exatamente as que foram retiradas para o primeiro exame de DNA. Os restos mortais foram devolvidos ao túmulo, conforme determinação da Justiça, mas em envelopes lacrados e identificados, que não permitem substituição.

 





Fonte: A Gazeta

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