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Polícia
Sexta - 01 de Abril de 2011 às 10:44
Por: Lucas Bólico

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O golpe militar de 1964 está completando 47 anos nesta semana. Iniciada em 31 de março e concluída em 1º de abril daquele ano, a revolução, como alguns preferem chamar, mudou para sempre a história da política brasileira e deixou profundas marcas nos envolvidos, tanto da esquerda quanto da direita, inclusive em Mato Grosso.

O advogado Zoroastro Teixeira, hoje com 72 anos, lembra-se bem daquele período. Ele chegou a ser preso duas vezes pelos militares. A primeira, ainda no fatídico ano de 1964, logo no início do novo regime, e a segunda já em 1970.

Recém engajado no movimento estudantil, Zoroastro chegou a se esconder com alguns companheiros quando soube da tomada de poder pelas Forças Armadas. “Nós ficamos uns 10 dias escondidos no mato e quando voltei fui preso”, rememora.

Ele conta que a segunda prisão ocorreu quando voltou de uma passeata em São Paulo. Desta vez, chegou a responder um processo por 6 anos, mas foi absolvido.

Ao contrário das famosas histórias da militância esquerdista nacional, o advogado conta que não sofreu tortura no cárcere, mas lembra que o preconceito e a mentalidade da sociedade cuiabana da época também machucavam quem era perseguido pelo regime.

“Aqui em Mato Grosso não teve tortura. Os militares nos conheciam e nós não passamos por isso”, revela. Mas de acordo com ele, os problemas eram outros. “Cuiabá era uma paróquia e naquele tempo não se admitia quem tinha outra visão de mundo, mais progressista”, conta, dizendo que foi vítima de preconceito.

Outro motivo que fez com que os militares não agissem mais ‘energicamente’ contra os detidos no estado, de acordo com o ex-preso político, foi o fato de a esquerda mato-grossense não ser bem articulada e não oferecer grandes riscos ao poder. Mas mesmo assim, os membros das Forças Armadas eram uma pedra no sapato dos vistos como subversivos.

“O que mais me marcou foi a indiferença e o rigor dos militares, que achavam que todo mundo era corrupto e subversivo. Após uma das prisões, durante uns 15 dias, um militar ficava me vigiando e me seguindo, um negócio sem sentido nenhum. Não houve tortura, mas houve muita má vontade.”, conta.

Há 42 anos Zoroastro Teixeira apenas milita na advocacia, 24 horas por dia, como contou em entrevista por telefone ao Olhar Direto. Apesar do tempo, ele revela que ainda guarda os mesmos princípios liberais e progressistas do estudante de direito que um dia se escondeu no mato para não ser preso pelo regime autoritário. Bem humorado, ele conta que hoje não é filado a nenhuma agremiação política, apenas ao PZT (Partido Zoroastro Teixeira).]






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