Haddad diz que quer uma maior inclusão nas escolas brasileiras
MEC resolve impasse de alunos deficientes auditivos e visuais do Rio
Após longa reunião com as diretoras do IBC (Instituto Benjamin Constant) e do Ines (Instituto Nacional de Educação para Surdos), o ministroda Educação, Fernando Haddad, confirmou nesta terça-feira(5) que as duas instituições federais, que oferecem educação para crianças e jovens com deficiência visual e auditiva, não serão fechadas.
Segundo o ministro, o que será estabelecida é uma parceria para que os alunos das duas unidades, localizadas no Rio de Janeiro, possam também frequentar a rede regular de ensino.
A polêmica teve início no mês passado, quando uma diretora do MEC (Ministério da Educação) propôs ao Ines e ao IBC que o ensino básico das duas instituições fosse fechado até o fim de 2011 e os alunos, incluídos na rede regular de ensino.
Essa orientação faz parte da política do MEC de inclusão de alunos com deficiência nas escolas regulares. Desde 2000, o número de estudantes com deficiência matriculados em escolas públicas cresceu 493%.
Haddad reforçou, entretanto, que o estudante não será obrigado a sair do IBC ou do Ines. O plano do MEC, acordado com as duas instituições, é que seja oferecido ao aluno a possibilidade de frequentar, no turno contrário, o ensino regular com matrícula no Colégio Pedro II, que também é federal.
- O que queremos é oferecer oportunidades educacionais adicionais.
Essa parceria deverá começar em 2012 porque a escola precisa se preparar para atender o aluno com necessidades especiais, caso esse seja o desejo da família.
O Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica) permite a dupla matrícula de estudantes com deficiência. As duas instituições de ensino, seja a regular ou a de atendimento exclusivo, receberão os recursos do ministério. P ministro defendeu que a educação deve ser para o convívio.
- Hoje, as escolas estão muito mais abertas à diversidade do que no passado. E isso enriquece nosso sistema educacional. Nós sabemos que há bullying contra gays, cegos, mas se quisermos educar nossas crianças e jovens, temos que educá-las para o convívio com a diferença porque é isso que vai enriquecer a trajetória de todos, não é por meio do isolamento que vamos construir uma sociedade tolerante.
Agora, as representantes do Ines e do IBC levarão a proposta à comunidade escolar para levantar qual é a demanda das famílias pela inclusão dos alunos também na rede regular. Segundo Solange Rocha, diretora do Ines, a proposta é um desafio a ser enfrentado e precisa ser amadurecida.
- Em tese, ninguém pode ser contra garantir vagas nas escolas públicas para os alunos que sempre estiveram à margem. Mas o que é responsabilidade dos dois institutos é como a gente vai contribuir para essa política com toda a experiência dessas instituições centenárias.
O Ines tem cerca de 400 alunos matriculados no ensino básico e o IBC, mais 340. O Colégio Pedro II já atende, no ensino médio, os alunos cegos que estudaram no IBC durante o ensino fundamental, mas tem pouca experiência no atendimento a surdos.
As três instituições trabalharão juntas em 2011 para estabelecer quais serão as necessidades de adaptação. Como o Ines oferece curso superior de licenciatura em Libras (Língua Brasileira de Sinais), uma possibilidade é pagar aos graduandos uma bolsa de iniciação à docência para que eles trabalhem no Colégio Pedro II com os estudantes surdos. A diretora do colégio estadual afirmou que o maior desafio será com os alunos surdos.
-É uma proposta novíssima, mas nos comprometemos de imediato e vamos, mais uma vez, aceitar o desafio proposto pelo MEC. Nosso desafio maior será em relação aos alunos surdos. Evidente que o nosso trabalho de parceria será indispensável e vamos nos reunir, quando chegarmos no Rio, para traçar um plano de trabalho.
Comentários