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Política
Sexta - 08 de Abril de 2011 às 15:09

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Quase 20 milhões de peruanos devem ir às urnas neste domingo para participar de eleições gerais em que se definirão o futuro presidente do país e a composição do novo Parlamento. O pleito é considerado como um dos mais disputados da história recente do Peru.
 
Na corrida presidencial, o candidato nacionalista Ollanta Humala aparece como um dos favoritos para ir ao segundo turno.
 
A segunda vaga está sendo disputada voto a voto, em um virtual empate técnico entre os candidatos conservadores Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori, Alejandro Toledo, ex-presidente (2001-2006), e seu ex-ministro de Economia Pedro Pablo Kuczynski.
 
O atual presidente, Alan García, não declarou apoio a nenhum candidato, mas ressaltou que somente "um" deles não dará continuidade a seu governo, em clara referência a Ollanta Humala.
 
Humala promete incrementar a presença do Estado na economia do país e propõe a nacionalização de setores e recursos considerados estratégicos, como o petróleo e gás. Em seu último comício, Humala pediu à população "votar sem medo" de mudanças.
 
Mas, apesar de Humala ter adotado como estratégia a moderação de seu discurso e um distanciamento do presidente venezuelano, Hugo Chávez, a versão Humala "light" ainda encontra rejeição em parte do eleitorado.
 
Os demais candidatos, por sua vez, prometem ser, cada um, "a única alternativa" para impedir a chegada do nacionalista Humala à Presidência.
 
DÍVIDA SOCIAL
 
Quem sair vitorioso do processo eleitoral que começa neste domingo herdará um país com uma economia relativamente estável, mas com uma acentuada dívida social.
 
A economia do Peru cresceu a uma média de 7% nos últimos anos, o maior crescimento registrado na região, graças à alta dos preços dos minerais, uma das bases de sua economia. García fortaleceu a tendência econômica primária-exportadora, com uma política voltada à ampliação do livre comércio e de atração a investimentos estrangeiros.
 
Por outro lado, o crescimento da economia não trouxe uma redução da brecha social entre ricos e pobres. Cerca de um terço dos cerca de 30 milhões de peruanos vive na pobreza. No campo, esse índice supera 60% da população.
 
"A desigualdade social aumentou. A maior parte da população vê que há geração de riquezas, mas que não chegam até elas", afirmou à BBC Brasil o sociólogo David Sulmont, professor da Universidade Católica do Peru. "A economia cresceu mais do que o bem-estar da população."
 
Para Lorena Alcazar, do Grupo de Análise para o Desenvolvimento (GRADE), o principal desafio do novo presidente será diminuir a brecha social que, a seu ver, gera tensão, em especial nas classes populares.
 
"O Estado precisa desenvolver políticas sociais e reformas de primeira e segunda geração para superar as desigualdades. Isso significa gastar mais e administrar melhor esses recursos", afirmou Alcazar à BBC Brasil.
 
O analista Fernando Tuesta, diretor do Instituto de Opinião Pública (IOP) da Universidade Católica do Peru, questiona, ainda, a sustentabilidade do atual modelo econômico, que tem sido elogiado pelos principais candidatos presidenciais.
 
Para Tuesta, García incrementou a dependência da economia peruana, no lugar de apostar na diversificação. "Se, com essa dívida social acumulada, entrarmos em um novo período no qual os preços (das matérias-primas) deixariam de ser favoráveis, a situação poderia se complicar."
 
INTERESSES BRASILEIROS
 
As empreiteiras brasileiras, por sua vez, veem o Peru como um polo importante de investimentos. Brasil e Peru assinaram acordos para a construção de seis hidrelétricas, cujo investimento total pode alcançar US$ 16 bilhões.
 
Outro grande projeto de infraestrutura que envolve os dois países é a construção da rodovia interoceânica, que permitirá ao Brasil uma saída ao Pacífico. Essa obra, que já teve um ramo inaugurado no ano passado, é executada pela Odebrecht, uma das empresas brasileiras com maior presença no país andino.
 
Durante a campanha, as empresas também evidenciaram suas preferências e apareceram como uma das principais financiadoras da campanha do ex-presidente Alejandro Toledo. As empreiteiras Queiroz Galvão, Galvão Engenharia e Camargo Correa doaram pouco mais de US$ 300 mil à campanha de Toledo.
 
"O Brasil quer se consolidar cada vez mais como líder regional, não só no político, como também na economia. A expansão das empresas brasileiras pela região e no Peru é um sinal disso", afirmou David Sulmont, da Universidade Católica do Peru.
 
PARLAMENTO
 
De acordo com pesquisas e especialistas, nenhum candidato presidencial conseguirá obter apoio da maioria das 130 cadeiras na composição do novo Parlamento, o que deve obrigar o vencedor a formar um governo de coalizão.
 
Analistas veem como uma aliança natural a coalizão dos partidos de centro e direita.
 
Caso Humala mantenha seu favoritismo, teria de negociar com essas correntes políticas, mesmo antes do segundo turno, e flexibilizar parte de seu projeto de governo.
 
Cerca de 150 observadores internacionais, incluindo a Organização de Estados Americanos (OEA), acompanharão as eleições peruanas. O voto no Peru é obrigatório.





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