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Terça - 12 de Abril de 2011 às 16:12
Por: KATIANA PEREIRA

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Divulgação/Reprodução
Cadastro não funciona em lugar nenhum; família de Sérgio (destaque), em Sinop, perdeu a esperança
Cadastro não funciona em lugar nenhum; família de Sérgio (destaque), em Sinop, perdeu a esperança

Criado há pouco mais de um ano, pelo Ministério da Justiça, o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas deveria centralizar as informações das polícias e facilitar as buscas. Na realidade, o sistema simplesmente não funciona.

A situação de Mato Grosso não é diferente dos demais Estados. O cadastro não funciona e as poucas informações existentes no sistema estão desatualizadas.

O operador de máquinas Sérgio Roberto Giraldi, 42, foi pescar, em novembro de 2010, e não mais voltou. Sérgio era morador de Sinop (500 km ao Norte de Cuiabá) e, desde o seu desaparecimento, a família não teve nenhuma notícia ou sequer uma pista que pudesse ajudar a encontrar o mecânico.

A sobrinha de Sergio, Jane Giraldi, 21, disse, em entrevista ao MidiaNews, que a angústia da família não tem fim. "Até hoje, não sabemos nada sobre o desaparecimento dele. Nenhuma pista. Fomos na Polícia inúmeras vezes, mas nem fomos informados na existência do cadastro de desaparecidos. Continuamos no escuro, sem nenhuma novidade. A dor já se prolonga por seis meses", disse Giraldi.

Jane trabalha em uma emissora de televisão e usou todos os recursos possíveis da mídia para tentar localizar o tio. "Usei todas as possibilidades que tinha nas mãos. Divulguei na televisão, jornal, rádio, sites e, até hoje, nada. Quem mais sofre com a situação é a minha avó, que não tem mais alegria, e os quatro filhos dele, que ficaram sem o apoio afetivo e material do pai. Infelizmente, já estamos perdendo a esperança de que ele esteja vivo", desabafou.

A história de do operador de máquinas Sergio é mais uma entre milhares de desaparecidos no Brasil, cujas informações que deveriam estar reunidas no cadastro nacional, anunciado há mais de um ano pelo Ministério da Justiça.

Ao contrário do que as autoridades informaram na época, o sistema não funciona. O Ministério da Justiça admite que nem sabe quantos desaparecidos há no Brasil. O sistema diz que, de março de 2010 a março deste ano, teriam sumido apenas 40 pessoas.

O MidiaNews entrou em contato com a Divisão de Desaparecidos da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoas (DHPP), criado para ajudar as famílias com parentes desaparecidos, em Cuiabá.

Segundo a assessoria, desde que foi criada, a divisão recebeu 704 comunicações de pessoas sumidas de seus lares. Pelo menos, 496 retornaram às suas residências e 208 ainda são procuradas.

A divisão ressalta que denúncias e a imediata comunicação do desaparecimento são fatores que contribuem para localização das pessoas. O chefe do setor, Gardel Lima, informou que muitas das causas de desaparecimentos estão relacionadas a desavenças familiares ou abandono do convívio familiar e aliciamento para o crime.

"São idades que merecem atenção porque a causa do sumiço está na própria família. Os policiais acabam fazendo papel de psicólogos e uma ação social de apoio familiar", disse Lima.

De acordo com a divisão, crianças e adolescentes do sexo feminino na faixa de 0 a 17 anos são as que geram maior preocupação no Setor de Desaparecidos. Em 2010, o setor recebeu 130 registros contra 86 do sexo masculino. Outra faixa crítica é os jovens e adultos de 18 e 64, com 342 homens e 112 mulheres.

Enquanto o Cadastro Nacional de Desaparecidos não funciona, as buscas são realizadas da forma tradicional. "O cadastro não tem funcionado no Brasil todo, continuamos fazendo o trabalho da forma antiga. Buscando pistas que possam levar aos motivos do desaparecimento e divulgando fotos dos desaparecidos. Infelizmente esta ainda é a melhor ferramenta de trabalho neste caso", disse a assessora Luciene de Oliveira, da Polícia Judiciária Civil.

Em caso de desaparecimento, não é preciso esperar 24 horas para registrar o boletim de ocorrência. Se tiver informação sobre pessoas desaparecidas, os interessados devem procurar a delegacia ou ligar, de qualquer lugar do Brasil, para o Disque-Denúncia: número 181.






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