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Quarta - 13 de Abril de 2011 às 17:28
Por: KATIANA PEREIRA

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MidiaNews
Após cinco meses de buscas, Ricardo e Maria se encontram na DHPP, em Cuiabá
Após cinco meses de buscas, Ricardo e Maria se encontram na DHPP, em Cuiabá

Acabou a agonia para a paulista Maria da Conceição Souza Viana. A técnica de necropsia procurava o marido, o motorista Ricardo Pereira Viana, durante meses. Ele foi encontrado no último dia 29 de março, em Rosário Oeste (128 km ao Norte de Cuiabá).

O casal reside em São Paulo e, em julho de 2010, Ricardo teve uma discussão familiar e saiu de casa. Passou por Monte Alegre, Sete Lagoas e Uberlândia, em Minas Gerais, e parou em Cuiabá.

Na capital mato-grossense, ele conseguiu emprego de motorista e trabalhou por quatro meses. Nesse período, o motorista mantinha contato com a família.

Em outubro de 2010, Ricardo saiu para ir ao banco e desapareceu. Ele disse que não se lembra de muita coisa. "Eu não me lembro como aconteceu, eu recordava algumas coisas e, depois, esquecia. Acabei ficando com vergonha de voltar e fui passando por várias lugares", disse, em entrevista, nesta quarta-feira (13), na Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

Foi aí que começaram as buscas incansáveis de Maria por Ricardo. Ela deixou o emprego, a casa, os filhos, em São Paulo, e encarou uma rotina de caminhadas e incertezas, rumo a Mato Grosso.

Maria contou ao MidiaNews a rotina de busca em que viveu, nos últimos cinco meses. "Eu andei demais, por todos os lados: fui em praças, casas de recuperação, bairros distantes. Andei por hospitais, IML, me perdi várias vezes, mas nunca desisti", revelou.

Segundo ela, o marido tem problemas com o alcoolismo, motivo que pode ter levado o homem a sair de casa. "Eu seguia todas as pistas possíveis. Fui no IML, tinha um corpo sem identificação e tudo levava a crer que era do Ricardo. O cadáver estava irreconhecível e tivemos que fazer o DNA, que deu negativo. O pior de tudo é não saber o que acontecia, não conseguia ficar em paz", afrmou.

Maria revelou que não chegou a usar o Cadastro Nacional de Pessoas Desaparecidas, criado em 2010 pelo Ministério da Justiça e que não funciona. "Eu nem tive conhecimento deste cadastro, as buscas foram feitas diretamente com a Polícia Civil de Cuiabá, que me auxiliou", disse.

Caso comum

A investigadora Lauriane Cristina de Oliveira, da Divisão de Desaparecidos, da DHPP, acompanhou todo o episódio do desaparecimento de Ricardo.

Segundo a policial, o caso do motorista está entre os mais comuns que são registrados pela divisão da delegacia . "O caso dele é como a grande maioria que chega até nós. Geralmente, as pessoas decidem sair de casa por problemas familiares, envolvimento com drogas e álcool. Alguns saem de casa para viver no mundo do crime; esses acabam sendo encontrados quando são presos", informou.

Lauriane revelou que as investigações não são fáceis, os trotes e informações mentirosas atrapalham também o trabalho policial. "Os trotes são terríveis. As famílias estão desestruturadas, em situação de desespero, e os trotes só causam mais sofrimento", observou.

Para evitar que a família receba os trotes e, por conseqüência, siga pistas erradas, a investigadora instrui a forma correta de iniciar as buscas. "O primeiro passo é procurar a Polícia, levar uma foto do desaparecido e fornecer a maior quantidade de informações possíveis. Os hábitos que a pessoa tem: se é usuária de drogas ou álcool, se está envolvida em dívidas ou com problemas emocionais. A polícia não conhece o desaparecido, por isso, quanto mais completas as informações, mais fácil será para encontrar a pessoa", disse Lauriane.

A investigadora ressaltou que o sucesso no desfecho no desaparecimento de Ricardo teve a persistência de Maria, a ajuda da imprensa e amigos. "Os amigos que Ricardo fez na empresa que trabalhou em Cuiabá foram determinantes. Foi um colega de trabalho que o viu trabalhando em uma borracharia e nos avisou. A imprensa é fundamental com a divulgação de fotos", disse.

Mais desaparecidos

O desaparecimento de Ricardo teve um final feliz. A Divisão continua à procura de outras pessoas que deixaram a convivência de suas famílias. Segundo a assessoria, desde que foi criada, a divisão recebeu 704 comunicações de pessoas sumidas de seus lares. Pelo menos, 496 retornaram às suas residências e 208 ainda são procuradas.

A DHPP informa que crianças e adolescentes do sexo feminino, na faixa de 0 a 17 anos, são as que geram maior preocupação no Setor de Desaparecidos. Em 2010, o setor recebeu 130 registros contra 86 do sexo masculino. Outra faixa crítica é os jovens e adultos de 18 e 64, com 342 homens e 112 mulheres.

Em caso de desaparecimento, não é preciso esperar 24 horas para registrar o boletim de ocorrência. Se tiver informação sobre pessoas desaparecidas, os interessados devem procurar a delegacia ou ligar, de qualquer lugar do Brasil, para o Disque-Denúncia: número 181.






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