O apoio de políticos moderados derrotados na votação de domingo poderá ser decisivo no segundo turno marcado para 5 de junho, que será disputado entre o ex-militar Ollanta Humala, de esquerda, e a deputada de direita Keiko Fujimori, filha do ex-presidente Alberto Fujimori.
A corrida presidencial está muito polarizada, e políticos centristas têm se mostrado relutantes em apoiar qualquer dos lados.
Investidores temem que Humala, apesar de ter suavizado sua retórica radical, reverta as reformas econômicas dos últimos anos. Já Keiko é associada por muitos eleitores ao pai dela, que está preso por causa de crimes de corrupção e violação dos direitos humanos.
O ex-primeiro-ministro Pedro Pablo Kuczynski, terceiro colocado no primeiro turno, criticou duramente os dois candidatos, com os quais se reunia na quinta-feira. Kuczynski e o ex-presidente Alejandro Toledo — quarto colocado — apresentaram uma série de condições para oferecer seu apoio.
Ambos querem que Humala se comprometa a manter uma economia de mercado baseada na iniciativa privada, e a não alterar a Constituição para poder disputar um segundo mandato. A Keiko, eles pedem que respeite os direitos humanos em um país ainda assombrado por uma guerra civil que matou quase 70 mil pessoas nas décadas de 1980 e 90.
"Ainda estamos totalmente neutros e objetivos", disse Kuczynski a jornalistas entre as reuniões com Keiko e Humala.
O índice de referência da Bolsa de Lima e a moeda local, o sol, registraram na quinta-feira a quarta queda consecutiva, o que reflete os temores dos investidores com a eventual vitória de Humala.
Keiko, embora mais aberta que seu rival aos investimentos estrangeiros e ao livre comércio, tem em comum com Humala a intenção de sobretaxar mineradoras para financiar programas sociais.
A comunidade empresarial em geral prefere a vitória dela, mas muitos temem que ela repita medidas autoritárias da época do seu pai (1990-2000). Ela diz que Fujimori é inocente e que sua pena será revertida, e há especulações de que ela poderia perdoá-lo.
Humala obteve 31,8 por cento dos votos no último domingo, recebendo principalmente o apoio de eleitores pobres, que se sentem marginalizados na atual onda de prosperidade econômica.
Derrotado por estreita margem na eleição de 2006, o ex-militar agora moderou sua retórica e promete respeitar a autonomia do Banco Central e os acordos de livre-comércio em vigor.
Keiko Fujimori ficou com 23,5 por cento dos votos no primeiro turno, à frente de Kuczynski (18,5 por cento), de Toledo (15,6 por cento) e do ex-prefeito de Lima Luis Castañeda (9,8 por cento).
Os resultados se referem à apuração de 97 por cento dos votos. Analistas dizem que a fragilidade dos partidos peruanos impediu que algum dos três candidatos centristas derrotados canalizasse o sentimento do eleitorado.
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