Ambos são acusados de seqüestros, torturas, assassinatos e de causar o desaparecimento de pessoas durante o regime militar (1976-1983).
Bignone e Patti vão cumprir pena em uma prisão comum. O veredicto foi transmitido ao vivo pelas principais emissoras de televisão do país. "Por crimes de lesa humanidade são condenados à prisão perpetua", leu a juíza María Lucía Cassaín.
Famílias das vítimas da ditadura e integrantes de diferentes entidades de direitos humanos comemoraram a decisão.
Do lado de fora do tribunal, na localidade de San Martín, centenas de pessoas ergueram bandeiras argentinas e cartazes com fotos de desaparecidos nos chamados anos de chumbo no país.
"Não poderíamos esperar menos que a prisão perpétua para todos eles", disse o secretário de Direitos Humanos do governo argentino, Eduardo Luis Duhalde.
"Avanço"
A presidente da entidade Avós da Praça de Maio, Estela de Carlotto, disse que "este dia era muito esperado". E acrescentou: "Muitos países da região estão olhando o que está ocorrendo na Argentina na área de direitos humanos. É um grande avanço."
Na opinião de Duhalde e Carlotto, foi acertada a decisão de enviá-los à prisão comum, sem nenhum privilégio, já que "são pessoas perigosas".
A filha de Carlotto foi morta durante a ditadura. Ela localizou o corpo da jovem, mas ainda procura o neto, que hoje teria 32 anos, e poderia ter sido adotado ainda bebê com outra identidade. A entidade dedica-se a buscar esses bebês, que agora têm mais de 30 anos.
Além de Bignone e de Patti, outros três ex-militares e ex-policiais foram condenados - dois deles também à prisão perpétua e em cadeia comum.
Ambulância
Esta foi a segunda vez que Bignone foi condenado por crimes de lesa humanidade. Em um julgamento no ano passado, ele havia sido condenado a 25 anos de detenção, também em prisão comum.
À época, ele acusou integrantes das entidades de direitos humanos de "falsidade" e afirmou que "nada fez de errado".
Bignone assumiu a Presidência da Argentina em julho de 1983, após a saída do presidente Leopoldo Galtieri, provocada pela derrota do país na Guerra das Malvinas (Falklands para os ingleses). Bignone passou o cargo para o presidente eleito Raul Alfonsín, que reinaugurou o período democrático.
Patti ouviu a decisão numa ambulância, do lado de fora do tribunal. Ele teria sofrido um acidente vascular na prisão onde aguardava o veredicto final. Ele foi acusado de crimes cometidos antes e durante o início da ditadura.
Já no período democrático, ele chegou a ser prefeito da cidade de Escobar e trabalhou para o governo do ex-presidente Carlos Menem.
Em 2005, Patti chegou a ser eleito deputado federal, mas seu mandato foi impugnado e ele não assumiu a cadeira no Congresso Nacional.
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