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Política
Sábado - 16 de Abril de 2011 às 23:45

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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse neste sábado que a tentativa de evitar uma reestruturação da dívida na Europa resultou em uma "injusta distribuição" dos custos do ajuste fiscal.

Os programas do FMI (Fundo Monetário Internacional) e da União Europeia para países desse continente envolveram um "draconiano ajuste fiscal", assinalou Mantega perante o IMFC (Comitê Monetário e Financeiro Internacional), o principal órgão executivo do organismo.

O ministro ressaltou que, "frequentemente", esses programas fracassaram na hora de reduzir o endividamento público e as vulnerabilidades no terreno econômico e financeiro.

"Resta ver se os atuais esforços para evitar o contágio nos países periféricos da zona do euro terão êxito", assinalou Mantega, que acrescentou que "enquanto isso, os cidadãos são obrigados a suportar a carga da crise".

Mantega indicou como "igualmente preocupante" que as economias avançadas tentem "sair da crise através da exportação de seus difíceis situações econômicas".

"As políticas monetárias ultraexpansivas dos países avançados são o principal gatilho dos males econômicos de hoje", acrescentou o ministro brasileiro.

Por isso, ressaltou como "legítimas" as medidas de "defesa própria" adotadas pelos países receptores de fluxos, entre as quais incluiu os controles de capital, perante "as pressões inflacionárias das matérias-primas e a valorização das moedas".

Mantega citou o Brasil e a Colômbia como exemplos de países que estão "sofrendo o impacto adverso da valorização de suas moedas em sua competitividade externa".

"Estes países já estão suportando mais do que lhes corresponde no chamado processo de reequilíbrio global. Não podem aceitar mais valorizações de suas moedas", assegurou.

Por isso, enfatizou que os governos "devem ter flexibilidade e discrição para adotar as medidas que considerem apropriadas" e rejeitou as diretrizes do FMI que "tentam constranger as respostas perante estes fluxos de capital voláteis".

Mantega concluiu dizendo que "Brasil continuará fazendo o que considera que é necessário e adequado a suas circunstâncias para enfrentar os desafios que surgem de grandes e voláteis fluxos de capital".

FMI

O FMI deve recomendar políticas nacionais que impulsionem fluxos excessivos de capital em outras economias, assim como políticas que busquem conter esses fluxos, disse hoje o comitê financeiro do fundo.

"Levando em consideração as circunstâncias específicas de cada país e os benefícios da integração financeira, essa estratégia deve englobar recomendações para ambas as políticas que aumentem os fluxos de capital e o gerenciamento desses fluxos", disse o painel de países-membros do FMI em comunicado.

O Comitê Financeiro Monetário Internacional, grupo de autoridades financeiras de todo o mundo, disse que a economia global está se fortalecendo, mas que políticas precisam ser adotadas dados os "riscos significativos" que ameaçam a recuperação.

"São necessárias ações críveis para acelerar os progressos para fazer frente aos desafios à estabilidade financeira e à sustentabilidade da dívida soberana, e para garantir que a consolidação fiscal ocorra a tempo nas economias avançadas", disse o grupo.

O comunicado acrescentou que são necessárias medidas para evitar um superaquecimento inflacionário nas economias dos mercados emergentes e para lidar com os riscos criados com a alta nos preços das commodities.

O comitê do FMI também pediu a intensificação dos trabalhos para a ampliação de uma cesta de moedas que compõem os ativos de reserva da entidade, conhecidos como SDR (Special Drawing Rights).

As principais economias do mundo têm trabalhado em um plano para incluir a moeda chinesa, o iuan, na cesta do SDR. O progresso neste sentido, no entanto, tem sido lento, em parte por conta da política chinesa de estrito controle sobre o iuan. As moedas que compõem o SDR devem ser de livre flutuação.

PIB

Ontem, Mantega afirmou que o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro cresceu cerca de 4%, em bases anualizadas, no primeiro trimestre de 2011.

"A economia já está desacelerando. No primeiro trimestre, eu acredito que será algo como quatro, quatro e pouco por cento anualizado. Significa que [a economia] já se ajustou a um ritmo de crescimento adequado, que é aquele que nós pretendemos alcançar ao longo do ano", disse.

A declaração vem dias antes da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que decide na próxima quarta-feira o rumo da Selic, hoje em 11,75%.

A expectativa de analistas é de uma nova alta de 0,25 ou 0,5 ponto percentual.

Segundo o ministro, o preço da gasolina não vai subir neste mês, mas o assunto pode ser revisto, caso persistam os aumentos do petróleo no mercado internacional.

Saindo de uma reunião com representantes do G20, na qual foram discutidos mecanismos para corrigir desequilíbrios globais, Mantega afirmou que o Brasil é um dos poucos países do mundo que vai ficar com deficit nominal abaixo de 2% em 2011.

O G20 entrou em acordo nesta sexta-feira sobre uma maneira de mensurar riscos potenciais à economia global provocados por políticas econômicas nacionais, como parte de um plano para evitar nova crise econômica global como a observada em 2007-2009.

Mantega disse ter proposto no encontro a homogeinização do sistema cambial, de modo que todos passassem a adotar o câmbio flutuante.

"É claro que não precisa ser puro. Você pode estabelecer limites de flutuação diária. Provavelmente, teria que tomar menos medidas de controle de capitais."

A proposta implicaria que a China também teria que adotar o câmbio flutuante. De acordo com Mantega, os representantes chineses não esboçaram uma reação negativa à proposta, o que ele considerou positivo.

Outra proposta brasileira ao G20 foi a adoção de mais medidas macroprudenciais para combater o excesso de liquidez.





Fonte: DA EFE

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