Sites de compras coletivas estão em expansão em Mato Grosso, com dezenas de ofertas diariamente; preços são os que mais atraem consumidores
Beleza e alimentação dominam

Um exemplo da quebra nos valores cobrados é a oferta de 4 sessões de depilação, que custa inicialmente R$ 1 mil, e nas promoções feitas via internet o mesmo produto sai por R$ 299. O cliente também pode optar por um sanduíche com batata frita e refrigerante pagando apenas R$ 6,50, considerando o preço normal de R$ 13,90. Estas entre outras 200 promoções, regionais e nacionais, são oferecidas diariamente para os consumidores mato-grossenses. Para Cuiabá, o site Comune, que reúne todas essas ofertas, aponta que o preço varia entre R$ 5 a R$ 1,847 mil, dependendo do que está sendo anunciado. No país, o sistema de compras coletivas gerou R$ 23 milhões somente para o setor de bares e restaurantes com a venda de 1,2 bilhão de cupons. No segmento de saúde e beleza foram mais R$ 44 milhões, decorrentes da compra de 597 milhões de ofertas. Ao total, levando em conta todos os setores a comercialização de 2,83 milhões de cupons gerou um faturamento de R$ 137 milhões nos 2 primeiros meses deste ano. No período foram 11 mil ofertas diferentes.

Diretor da Comune, David Reck, observa que os números são impressionantes, isso porque as primeiras compras coletivas foram realizadas há cerca de 1 ano. O primeiro site a entrar em funcionamento com o sistema foi o Peixe Urbano. Ele explica que existem hoje aproximadamente 300 sites ativos em todo o país. Acrescenta que os principais clientes são mulheres, de todas as classes sociais. "Outra observação interessante é que o fluxo maior de compra é no horário de almoço e no fim de expediente".

Reck destaca que apesar do mercado ser agressivo e crescer com uma velocidade impressionante, empresas começam a passar por uma espécie de seleção. "Os maiores compraram os menores sites". Outra tendência é o surgimento de empresas direcionadas para atender setores específicos.

Pontos favoráveis - O diretor do Comune, David Reck avalia que o sistema tende a beneficiar o comércio em geral, principalmente aqueles que entraram no mercado recentemente. "A compra coletiva para o empresário é interessante na atração de novos clientes. Por isso o tratamento para os consumidores deve ser igual aos que já frequentavam o estabelecimento sem qualquer promoção".

Em Cuiabá, o Pesque Ofertas foi um dos primeiros sites a atender exclusivamente o mercado local. A proprietária Camila Fernandes lembra que no começo os empresários tinham receio de contratar a compra coletiva. Atualmente ela conta com aproximadamente 270 mil endereços de e-mail, usados para divulgar as promoções. "Hoje estamos tendo retorno e os comerciantes já estão cientes de que o sistema traz resultados, mas a longo prazo". Para sobreviver no segmento, a empresária acredita que falta criatividade. "Eu sorteio brindes entre os meus clientes".

Outro site mato-grossense é o Desconto MT, que recebe em média 10 mil acessos diários, com picos de até 14 mil. Um dos sócios, Alexandre Santos, afirma que o sistema funciona e que, sem dúvida, é possível fidelizar clientela. "Muitos que compram, se bem atendidos acabam voltando". Quanto ao site, ele destaca que o diferencial está no pós-venda. "Disponibilizamos o Serviço de Atendimento ao Desconteiro tanto via email quanto por telefone".

Conforme ele, 60% dos compradores são mulheres, com predominância na faixa etária entre 25 e 35 anos sendo das classes A e B. Nas promoções, Santos conta que os preços variam muito, de R$ 5 a R$ 300. Afirma ainda que as ofertas mais vendidas são da área de alimentação. Se tratando de faturamento estética, turismo e entretenimento se destacam.

Atendendo os consumidores de Cuiabá e Várzea Grande, o Espiaqui é mais uma opção de compra no mercado local. Gerente de Marketing da empresa, Laura Burttet, também admite que é a gastronomia a que mais atrai os mato-grossenses. Explica que o consumidor tornou-se adepto a essa prática por ter mais comodidade. "Ele compra sem sair de casa ou do escritório". O site recebe cerca de mil acessos diários. O bom desempenho reflete na possibilidade de expandir a abrangência do sistema para outros municípios do Estado.

Satisfação - Empresários que aderiram à compra coletiva comemoram os resultados. A empresária, dona do Studio Frizon, Débora Frizon, lembra que para cada oferta vendida, que custa R$ 29, o cliente acaba gastando outros R$ 50. "Oferecemos preços especiais para uma hidratação no cabelo, mas o consumidor acaba contratando outros serviços, como o de manicure, cortando o cabelo". Débora afirma que já pensa em oferecer outras promoções. "Se o cliente gosta, acaba voltando e trazendo mais pessoas".

Já a proprietária do restaurante Chopp Time, Daniela Teló, conta que muitos clientes que vieram após adquirir o cupom acabaram retornando. Para ela, o sistema não visa lucro mais a divulgação da marca. "Fizemos a promoção logo que este modelo de venda chegou em Cuiabá. Até hoje recebemos clientes para usar a oferta".

Para o consumidor fica a melhor parte: preços que cabem "perfeitamente" no bolso. Funcionária pública, Juracy Almeida, 42 anos, admite que utiliza constantemente os serviços da compra coletiva. Ela lembra que já adquiriu entre alimentação, viagens, estadias em pousadas e produtos diferenciados. "Sempre encontro um preço interessante. Se não fossem as ofertas, não contrataria nem metade dos serviços".

Já a auxiliar financeira, Cirlei Matos, 36, ressalta que após a primeira compra ficou viciada em olhar as novidades. O serviço adquirido ainda não foi usado, que é uma diária em uma pousada. "Já indiquei para outros amigos que também aprovaram as compras coletivas".