Cemitério da Piedade, mais tradicional de Cuiabá, não tem segurança adequada e fica à mercê de vândalos
Cemitério vira alvo de depredação, drogas e sexo
Invasões, furtos, depredações e consumo de drogas vivaram rotina no Cemitério da Piedade, o mais antigo e tradicional de Cuiabá, construído em 1815. Sem vigilância adequada, o local virou alvo constante de vândalos, que furtam objetos como vasos e porta-retratos, deixados sobre as lápides, até cobre e alumínio, usados em decorações de túmulos.
Segundo o gerente da Central Municipal de Serviços Funerários de Cuiabá, Sales Lourenço, os problemas do cemitério ocorrem principalmente em função da falta de investimento do poder público e do abandono das famílias.
"Nenhum cemitério de Cuiabá tem vigia. Não está no orçamento contratar um vigia. Os investimentos são poucos nesta área", disse o gerente.
Apesar de possuir uma cerca elétrica, as invasões e furtos continuam. "A cerca melhorou um pouco os furtos, mas não resolveu todo o problema. Eu já tive que usar a força para expulsar os drogados que vem roubar metal dos túmulos para comprar droga", revelou o administrador do local, Joel Epifânio da Silva.
Ele afirmou também que o cemitério é invadido até para a prática de sexo. "Tem gente que entra aqui durante o dia e fica escondido. Depois que os funcionários saem, eles dançam sobre os túmulos, bebem, usam drogas e fazem sexo. Uma total falta de respeito", disse.
Joel conhece bem a realidade do Cemitério da Piedade. Seu pai, Lino Epifánio da Silva, foi administrador do local por mais de 40 anos. Com a morte do pai, ele foi nomeado administrador pelo ex-prefeito Wilson Santos.
"Fui nomeado administrador ainda no velório do meu pai. Fui escolhido por conhecer o cemitério, estar familiarizado com a rotina de trabalho e também conhecer as famílias que têm parentes enterrados aqui", explicou Joel.
Personalidades e 3,2 mil jazigos
Ele contou que a rotina de trabalho não é fácil. São apenas quatro funcionários para zelar dos 3,2 mil jazigos. Estima-se que 10 mil corpos estão sepultados no Cemitério da Piedade.
O cemitério guarda os corpos de grandes personalidades da Baixada Cuiabana. Entre eles, o ex-governador Dante de Oliveira e Augusto João Manuel Leverger, defensor das terras mato-grossenses durante a Guerra do Paraguai.
Também estão sepultados o interventor federal Júlio Strubing Muller; e os poetas Rubens de Mendonça e Benedito Santana da Silva Freire. "Tive na vida tudo quanto quis! Graças a Deus foi boa minha vida. Graças a Deus eu sempre fui feliz", diz a placa colocada em homenagem a Rubens de Mendonça.
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