Pelo menos 112 pessoas morreram vítimas de disparos das forças de segurança contra milhares de manifestantes contrários ao regime que foram às ruas nesta sexta-feira (22) na Síria, segundo novo balanço divulgado na madrugada deste sábado (23) por entidades de defesa de direitos humanos que organizaram os protestos em várias cidades do país.
O dado foi apresentado pelo grupo The Syrian Revolution em seu site da rede social Facebook, onde se inclui a identidade das vítimas fatais.
Trata-se de um dos dias mais sangrentos após o início do movimento de revolta sem precedentes no país desde 15 de março.
As mortes ocorreram em vários locais, desde a cidade portuária de Latakia até Homs, Hama, Damasco (a capital) e Izraa, no sul.
Manifestantes protestam na cidade síria de Homs nesta sexta-feira (22) (Foto: AP)
Mais cedo, o Comitê de Direitos Humanos da Síria, baseado em Londres, falou em 88 mortos e centenas de feridos. Outros ativistas deram números semelhantes.
A Casa Branca voltou a pedir o fim da violência e que o regime do presidente Bashar al Assad, alvo de protestos desde 15 de março, implemente as reformas prometidas. A França também protestou contra a violência do governo na repressão aos protestos.
Manifestantes queimam foto do presidente da Síria, Bashar al Assad, durante protesto nesta sexta-feira (22) em Nicósia, capital de Chipre (Foto: AP)
A suspensão na quinta-feira (21), por parte do presidente, do estado de emergência, em vigor desde 1963, não impediu a grande mobilização desta sexta. Dezenas de milhares de manifestantes em Homs, 10 mil em Deraa, pelo menos 5 mil em Qamishli (noreste) e milhares em Duma, perto de Damasco, segundo testemunhas.
Pelo menos 14 pessoas morreram na localidade de Ezreh, na província de Deraa (ao sul de Damasco), epicentro dos protestos contra o regime de Bashar al Assad lançados em 15 de março, informaram testemunhas. Uma décima quinta vítima morreu em Hirak, também na província de Deraa.
Outras nove morreram em Duma, a 15 km ao norte de Damasco, segundo as fontes.
Duas pessoas morreram em Barzeh, uma em Harasta e três em Maadamiya, localidades da periferia de Damasco, completaram as testemunhas.
Mais duas pessoas morreram em Hama, 210 km ao norte de Damasco, duas em Latakia, o principal porto do país localizado a 350 km a noroeste de Damasco, e quatro na cidade de Homs (centro).
Além disso, várias dezenas de pessoas ficaram feridas por disparos das forças da ordem.
Segundo o militante dos direitos humanos, Nauar Al Omar, a força pública abriu fogo em Homs "para dispersar três grupos de manifestantes que se dirigiam à praça central".
Em Banias, nordeste da Síria, 10 mil pessoas protestavam, informou um dignitário religioso da cidade, ouvido por telefone.
Os manifestantes, entre eles árabes, curdos e cristãos siríacos, afluíam à mesquita Qasmo, agitando bandeiras sírias.
Alguns levavam faixas com os dizeres: "árabes, siríacos e curdos contra a corrupção".
Outros gritavam em língua curda "liberdade, fraternidade".
O presidente sírio promulgou na quinta-feira o decreto que suspende o estado de emergência, em vigor desde 1963. Os opositores consideraram a medida insuficiente.
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