Acho legal, para mostrar que não tem diferenças, falou Isabela, de 23 anos. Ela e a namorada Marcela, 30 anos, não estudam no campus, mas compareceram. Disseram que não sofrem preconceito entre familiares e amigos, mas uma delas já foi reprimida ao beijar dentro de um shopping. Um segurança pegou no meu braço e disse que aquilo não era coisa para fazer em um ambiente familiar, lembrou Marcela.
Na concentração, os idealizadores falaram sobre a intenção do ato simbólico promovido após uma denúncia recente de agressão contra homossexuais dentro do campus. A gente espera que seja um incentivo para quem ainda tem vergonha de se beijar em público, falou Isadora Lima, de 21 anos, que estuda psicologia na UFMG. Vindo de outra faculdade de Belo Horizonte, Pedro Queiroz, 21, participa de discussões do Grupo Universitário em Defesa da Diversidade Sexual (Gudds) e ajudou a criar o movimento. Perguntado sobre o impacto que o Beijaço Gay poderia causar, respondeu que é importante tratar com mais naturalidade a homossexualidade. Choca, mas isso vem do fato de que é alguma coisa que as pessoas não querem ver, mas existe, falou.
"A gente quer igualdade", falou estudante.
(Foto: Flávia Cristini/G1)
O bancário Marcos, 40 anos, e o mestrando Gilberto, 23 anos, namoram há três anos. A gente quer igualdade, disse Gilberto. Para o namorado, não surpreende ouvir relatos de violência do tipo dentro do ambiente acadêmico. É um reflexo da sociedade, se existe preconceito fora da universidade, vai existir dento também. Mas é lamentável, falou.
Um grupo de estudantes do curso de publicidade levantou cartazes com a mensagem "#eu sou gay". “Viemos trazer a mensagem de tolerância. Ao dizer ‘eu sou gay’ estamos assumindo o compromisso com a diversidade”, falou Jullie Utsch, de 18 anos.
Estudantes apoiaram a diversidade sexual. (Foto: Flávia Cristini/G1)
Os integrantes do grupo não se definiram como homossexuais e disseram que a mensagem é de apoio. ”Não é para chocar é para responder de uma forma diferente, com afetividade, a atitudes de homofobia”, falou Marcos Antunes, de 17 anos.
Personagem drag queen fez a contagem para o beijo.
(Foto: Flávia Cristini/G1)
A presença de um repórter drag queen causou alvoroço. Vim cobrir e a animação acabou caindo na minha mão, brincou Malonna, personagem do estudante André Silva, de 25 anos. Ele ex-aluno de artes visuais da universidade e faz parte da equipe de um programa independente. É uma ação política, que tira da invisibilidade a relação homoafetiva, falou Mallona ao definir o evento. A drag queen fez a contagem para o beijo.
Logo após o ato, a universidade informou por meio de uma assessora de imprensa que é radicalmente contra a homofobia e que apoia o ato realizado no campus. Ainda segundo a assessora, que acompanhou o desfecho do Beijaço Gay, uma comissão dentro da universidade já ouviu um casal masculino, que denunciou ter sido vítima de agressão física durante uma calourada no campus. Sobre este caso de violência que incentivou a manifestação, a UFMG informou que procede com as apurações que devem ser concluídas num prazo de 30 dias, a contar da abertura da sindicância no dia 15 abril. O prazo pode ser prorrogado por mais 30 dias.
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