Um das duas mulheres acusadas de mandar matar uma criança de seis anos, em 1992, em Guaratuba, no litoral do Paraná, vai ser julgada, pela segunda vez, em 27 de maio. Ela é suspeita de encomendar um ritual de magia negra, que exigia o sacrifício de uma criança, para obter - segundo o Ministério Público do Paraná, fortuna e sucesso político. Nesta sexta-feira (29), os advogados das rés solicitaram que a confissão fosse retirada do processo. As acusadas ficaram conhecidas como "Bruxas de Guaratuba".
Evandro Ramos Caetano, de seis anos, desapareceu em abril de 1922 quando ia para escola. O corpo dele foi encontrado cinco dias depois em condições, como afirma o promotor de justiça do Tribunal de Júri de Curitiba, Paulo Sérgio Markowisz de Lima, "com lesões semelhantes as percebidas em sacrifícios de animais, como amputação de membros e retirada do coração".
Em 1998, no primeiro julgamento, Beatriz Abagge, que hoje tem 47 anos, e Celina Abbage, de 72, acusadas de serem mandantes do crime foram absolvidas. Elas são filha e esposa, respectivamente, do ex-prefeito de Guaratuba na época, Aldo Abagge. Abagge faleceu quando elas estavam presas, em 1995.
O julgamento das acusadas foi o mais longo da história do Brasil, com 34 dias de duração. Em 2004, dois pais de santos e um ajudante – que segundo a Justiça praticaram o ritual – foram condenados. Diante da absolvição das mulheres, o Ministério Público recorreu à decisão do júri e depois de recursos e liminares, o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou um novo julgamento.
Apenas Beatriz Abagge será julgada porque, conforme determina a legislação brasileira, nenhum cidadão pode ser punido após 70 anos de idade. O advogado de Beatriz, Adel El Tasse, ingressou na Justiça um Incidente de Prova Ilícita que solicita que a confissão da ré seja retirada dos autos. O advogado alega que as confissões ocorreram sob tortura. “Elas foram sequestradas por policiais militares que eram comandados pelo coronel Copetti Neves, que foi condenado a 18 anos por prática de torturas ”, afirmou o advogado. El Tasse acrescentou que a absolvição no primeiro julgamento foi por conta das torturas.
O G1 tentou entrar em contato com o coronel Copetti Neves, mas não o localizou.
O promotor contesta. Segundo ele foram realizadas investigações e inquéritos na Secretaria de Segurança Pública do Paraná para investigar os supostos maus tratos. “Os processos foram arquivados por inexistência de prova”, declarou Paulo de Lima.
Beatriz será julgada por júri popular e está sendo acusada por homicídio qualificado por ter sido praticado contra criança, por meio de crueldade, dificuldade de defesa e promessa de pagamento.
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