As dúvidas em relação à idoneidade do sorteio de árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF) deixam Marco Polo Del Nero, presidente da entidade, transtornado. No anúncio dos detalhes das finais do Campeonato Paulista nesta segunda-feira, o dirigente se mostrou fora de si e criticou até a decisão do Coronel Marcos Marinho, da Comissão de Arbitragem, de separar quatro nomes para os dois confrontos.
Marinho anunciou que Wilson Luiz Seneme, Marcelo Aparecido Ribeiro de Souza, Luiz Flávio de Oliveira e Cleber Wellington Abade serão os nomes a serem sorteados. Às 15 horas (de Brasília) desta quinta-feira, na sede da FPF, serão definidos os responsáveis por conduzir as duas finais.
Mas Del Nero gostaria de ver todos os 30 juízes da categoria "Ouro", maior nível da arbitragem do Estado, na disputa. O mandatário se mostrou profundamente irritado principalmente porque foi vetado o nome de Paulo César de Oliveira, que apitou a semifinal entre Corinthians e Palmeiras e foi criticado pelo time alviverde antes mesmo do jogo. "Por mim, estariam os 30 árbitros, mas o Coronel Marinho preferiu assim e prevalece sua vontade", disse o presidente
O nome de Paulo César de Oliveira para o dérbi foi anunciado antes do sorteio pelo Jornal da Tarde. Mas Del Nero não dá a ninguém o direito de questionar o mistério da disputa. E levantou o dedo, gritando e ficando com o rosto vermelho, para defender sua entidade. "Vivo no mundo da honestidade. Quem duvida do sorteio vive em outro mundo que não é o nosso. Quero ver se podem provar algo", desafiou. "O campeonato não fica arranhado, mas ficamos desconfortáveis com as inverdades."
Para deixar claro seu posicionamento em relação às suspeitas, o presidente iniciou sua entrevista ao lado dos mandatários dos clubes que disputarão a final, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e Andrés Sanchez, declarando que "Santos e Corinthians são os dois legítimos finalistas".
Como um auxílio a Del Nero na convicção de que o acerto no nome de Paulo César de Oliveira foi pura sorte, o dirigente corintiano arriscou. "O árbitro da final vai ser o Seneme. Vai Luis Alvaro, quem vai ser o árbitro?", perguntou ao colega. "Paulo César de Oliveira", respondeu o santista, para irritação do corintiano. "Mas ele não está no sorteio", reclamou Andrés, bravo com o sorriso do dirigente santista.
Brincadeiras à parte, Andrés Sanchez sugeriu, e Luis Álvaro aprovou, que um torcedor de cada time fizesse o sorteio dos nomes dos árbitros para as duas finais. Del Nero não demonstrou gostar muito da inovação, embora, para a segunda semifinal de 2008 entre Palmeiras e São Paulo, torcedores de uma facção organizada do time alviverde, tenham participado do evento que define os juízes.
De qualquer forma, o sorteio será aberto ao público e transmitido ao vivo pelo site da FPF. E os presidentes envolvidos confiam no sistema. "Acredito no sorteio. Se eu não acreditasse, nem entraria em campo", garantiu Andrés. "Acredito em um princípio do direito romano que é um dos pilares da democracia: honestidade até que se prove o contrário", completou Luis Álvaro.
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