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Terça - 10 de Maio de 2011 às 08:52
Por: KATIANA PEREIRA

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MidiaNews
Coronel Taborelli faz rondas na região: ideia é promover harmonia entre travestis e sociedade
Coronel Taborelli faz rondas na região: ideia é promover harmonia entre travestis e sociedade

Os travestis que atuam na região do Zero Quilômetro terão cadastro e carteirinha de identificação da Secretaria de Estado e Segurança Pública (Sesp). A informação é do coronel Pery Taborelli da Silva Filho, comandante da Polícia Militar em Várzea Grande.

Taborelli acredita que a identificação aumenta a segurança do local e das pessoas que procuram os serviços dos travestis. "Estamos apenas reconhecendo uma situação que já existe, fazendo essa triagem é mais segurança para os travestis e para toda a sociedade. É um trabalho social, a situação existe, os travestis não serão extintos e nem as pessoas que gostam de se relacionar com eles deixarão de gostar", revelou.

O comandante acredita que o cadastro pode diminuir a incidência de crimes na região. "O cadastro pode inibir os travestis de cometerem crimes como esse que vitimou o empresário na semana passada. O travesti vai saber que terá os seus cadastrados junto à  Secretaria de Justiça e vai pensar duas vezes antes de planejar um assassinato", disse.

O trabalho de identificação dos travestis é feito em parceria com o Centro de Referência em Direitos Humanos de Combate a Homofobia (CRDHEH). "O foco do projeto é fazer a identificação dos travestis, todos eles terão um cadastro na Secretaria de Justiça, com todos os dados pessoais, ficha policial, se é usuário de drogas, endereço. Depois que colhidos os dados, vamos emitir uma carteirinha com de identificação com o nome fantasia de cada travesti", disse o comandante.

Taborelli relembrou que em 2008 eram registradas cerca de 50 ocorrências por semana na região do zero. Os tipos mais comuns de crimes eram homicídios, brigas, agressões, consumo e venda de drogas, roubos, furtos, assaltos e atentado ao pudor.

"Naquela época fizemos vários arrastões na região, por vários dias seguidos retiramos os travestis, prostitutas, usuários de drogas. A intenção era ver a reação da sociedade, ou se outros grupos iriam se instalar no local. Recebemos varias ligações ligadas aos Direitos Humanos que se manifestaram contra a prisão dos travestis. Inclusive instituições internacionais nos ligaram", lembrou o coronel.

O comandante acredita que a identificação e proteção dos travestis saem da esfera policial e entra na área social. "Começamos a conversar com os travestis e a conhecer a realidade deles. Devemos entender que esse é um grupo de pessoas que é diferenciado, optaram por uma vida que não é modo tradicional, e são cidadãos, seres humanos e devem ser respeitados".

Taborelli ressalta que discriminação, maus tratos e preconceitos não podem ser encarados como uma atitude normal pela sociedade. "Não é admissível que jovens passem na região e joguem pedras, urina, extintor de incêndio ou que combinem programas e não paguem. Tem que deixar bem esclarecido que quem vai ao Zero sabe que vai encontrar sexo com travesti".

O comandante faz uma observação sobre a situação atual do local. "Já houve situação de abordamos carros com placas de outras cidades e nos depararmos com mulheres, senhoras que vão ao Zero para conhecer os travestis. O cadastro não é um incentivo à prostituição. Se o fato existe o papel do Estado é fazer com que ele conviva da melhor forma com a sociedade".

Na mídia

A região do Zero tem ocupado posição de destaque nas manchetes da imprensa, depois do latrocínio que vitimou o empresário Martim Pompeu de Barros, de 48 anos, dono da Videolocadora Casablanca. 

As investigações da Polícia Civil apontam que o empresário foi vitima de um plano arquitetado e executado pelo travesti Huanderson Barbosa Moura, conhecido como "Sandy" e pelo seu companheiro, Rômulo Victor Cardoso de Melo. Os dois estão presos na Penintenciária Central do Estado, antigo Pascoal Ramos, acusados de latrocínio e tráfico de drogas.

Há dois, o ex-vereador Ralf Leite (PRTB) foi preso pela Polícia Militar, acusado de praticar atos libidinosos em plena via pública com um travesti menor de idade, na região do Zero Quilômetro. O ex-parlamentar, que foi cassado pela Câmara de Cuiabá por quebra de decoro, alega que foi vítima de uma armação e extorquido pelos policiais que o prenderam. 






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