Internações de idosos com pneumonia crescem no país
Aumentou também, em 13%, a incidência de pneumonia em adultos maiores de 50 anos hospitalizados.
Os dados sobre a doença no Brasil foram apresentados no 21º Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas, que terminou ontem, em Milão, na Itália.
As informações também foram publicadas no "International Journal of Infectious Diseases".
O pneumologista Ricardo Corrêa, professor da Universidade Federal de Minas Gerais, que esteve no congresso, cita o envelhecimento da população como fator de aumento de internações.
"O idoso sofre mais, porque já tem doenças que prejudicam a imunidade."
Já Mauro Zamboni, ex-presidente da Sociedade Latino-americana do Tórax, acredita que esse aumento reflete o grande número de internações desnecessárias.
"No Brasil, mais da metade das pessoas com pneumonia são internadas. Segundo dados da literatura, essa taxa deve girar em torno de 20%, quando são seguidos corretamente os critérios."
ESTAÇÃO
O número de casos da doença aumenta até 30% nos meses mais frios, segundo Ricardo Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.
Na semana passada, a infecção acometeu a presidente Dilma Rousseff.
Gripes e pneumonias são mais comuns nessa época porque a transmissão de germes é mais fácil em lugares fechados, diz Stirbulov.
A gripe pode evoluir para pneumonia em pacientes com baixa imunidade. Por isso, a vacinação contra o vírus protege contra a pneumonia.
O país tem também a vacina contra pneumonia, incluída no calendário de imunização infantil e oferecida a idosos hospitalizados.
Para Stirbulov, os casos de pneumonia hospitalar podem estar aumentando por causa do abuso de antibióticos, que aumenta a resistência bacteriana aos remédios.
Já Corrêa acredita que mesmo o uso adequado possa causar esse problema.
"A população está vivendo mais. Portanto, está mais sujeita a ter doenças e usa mais antibióticos. Isso aumenta a resistência, mesmo que o uso seja correto. É um efeito colateral da modernidade."
De acordo com o pneumologista, muitos estudos apresentados no congresso buscaram identificar as mutações de bactérias para melhorar o tratamento.
No Brasil, diz Zamboni, ainda não foram registrados casos graves de resistência.
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