Em depoimento, ele disse que jamais ouviu falar que Beatriz praticava tortura
Marido de falsa psicóloga diz que não trabalhava na clínica da mulher

O marido da falsa psicóloga que atendia crianças autistas desde 2005 no Centro de Análise do Comportamento, em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, Nelson Antunes de Faria Junior, disse nesta quarta-feira (11), em depoimento na Decon (Delegacia do Consumidor), que jamais ouviu falar sobre as práticas de tortura que a mulher teria praticado. Segundo Maurício Luciano de Almeida e Silva, titular da delegacia, ele negou que era responsável pelas atividades administrativas da clínica.

- Ele disse que não tinha acesso à clínica, que não trabalhava lá, e que, por isso, desconhece que a mulher praticava algum ato de tortura aos pacientes, como a intervenção alimentar relatada pelas testemunhas.

Ainda de acordo com o delegado, ele se reservou a falar em juízo sobre os inquéritos que apuram os crimes aos quais já foi indiciado: propaganda enganosa e estelionato.

MP do Rio denuncia falsa psicóloga e marido por estelionato

O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou à Justiça Beatriz Cunha e o marido dela, Nelson Antunes de Faria Junior. O delegado Maurício Luciano de Almeida e Silva pediu a prisão preventiva da suspeita e o bloqueio de todos os bens do casal.

Beatriz foi indiciada pelos mesmos crimes que o marido e deve responder também por falsificação de documentos e exercício ilegal da profissão.

A falsa psicóloga não tinha habilitação para atuar como profissional. Ela está presa desde o último sábado (7). Beatriz foi presa pela primeira vez no dia 27 de abril, por suspeita de estelionato, propaganda enganosa, exercício ilegal da profissão e falsidade documental. Ela foi solta três dias depois.

No sábado passado, foi decretada sua prisão temporária, de 30 dias. A falsa psicóloga também é suspeita de tortura. O novo inquérito foi aberto após denúncias de pais, que revelaram métodos considerados absurdos utilizados pela suspeita no tratamento a crianças autistas.