Segundo MPF, delegado usava do cargo para fraudar provas e levantar dúvidas sobre a morte do juiz para beneficiar acusado
Pieroni é acusado de tumultuar o processo desde 2006
O delegado Márcio Pieroni é suspeito desde 2006, de interferir e tumultuar a instrução do processo criminal que investiga o envolvimento do empresário Josino Guimarães, no assassinato do juiz Leopoldino Marques do Amaral, encontrado morto no Paraguai, em 1999.
A conclusão está contida na decisão do juiz Paulo Sodré, da 7ª Vara Federal de Cuiabá, em que o magistrado determina a prisão do delegado e do empresário, acusado de ser o mandante do crime.
De acordo com a decisão, Pieroni utilizava-se do seu cargo de delegado de polícia para "manipular" provas com objetivo de levantar dúvidas sobre a morte de Leopoldino.
Segundo Sodré, o delegado foi responsável pelo depoimento de Beatriz Árias (condenada por envolvimento na morte do juiz), onde ela teria dito de forma inverídica que Leopoldino estaria vivo e morando na Argentina.
No último dia 2, Beatriz Árias compareceu voluntariamente na Procuradoria da República de Mato Grosso e revelou a farsa montada em 2006. Segundo ela, na época, foi procurada por Pieroni (que atuava na Delegacia de Meio Ambiente), para prestar um depoimento sobre a morte do juiz.
Beatriz disse ainda que o depoimento redigido pelo delegado contém informações falsas, no que diz respeito as afirmações a ela atribuídas dando conta que Leopoldino estaria vivo e morando na Argentina. Além disso, que ela já teria tentado avisar as autoridades sobre a necessidade de realizar um novo exame no cadáver do juiz assassinado.
Ainda no depoimento, Beatriz declarou que na época tentou alertar Pieroni de que a farsa não daria certo, mas estava tão seguro, que foi até a residência dela, sem avisá-la, para que se dirigisse ate o Fórum de Cuiabá, para ser ouvida pela juiz Pedro Sakamoto. Segundo ela, o delegado fez várias intervenções na audiência.
Ao final, ela informou que se sentiu obrigada a cooperar com a farsa e que não ganhou nenhuma vantagem financeira.
Após depoimento de Beatriz no Fórum, o juiz Pedro Sakamoto determinou a exumação do cadáver de Leopoldino e que deveria ser acompanhada por Pieroni. Fato que não aconteceu devido à intervenção da Diretoria da Polícia Civil, uma vez que a diligência não fazia parte da competência do delegado.
"A tentativa de tumultuar o Júri Federal, nos idos dos anos de 2006, restou frustrada, porque o exame do DNA, tal qual o realizado em 1999, atestou que o corpo era o do juiz Leopoldino Marques do Amaral; Entretanto, numa tentativa desesperada de livrarem Josino Guimarães da acusação de homicídio, os investigados se articularam para montar uma investigação policial (...), com o propósito de influir no Júri Federal", diz um trecho da decisão.
Provas fraudadas
De acordo como juiz Paulo Sodré, Josino e Pieroni tentaram fraudar as provas, acreditando que os planos teriam êxito, mesmo diante dos inúmeros exames médicos-legais que atestam o assassinato de Leopoldino.
Segundo o magistrado, os crimes praticados foram: formação de quadrilha armada, denunciação caluniosa, falsidade ideológica, fraude processual, interceptação telefônica para fins não autorizados em lei, quebra de sigilo funcional e violação de sepultura.
Prisão
Josino e Pieroni foram presos na tarde de ontem (9), por determinação da Justiça Federal. As prisões preventivas acataram a um pedido do Ministério Público Federal (MPF).
De acordo com o MPF, o delegado e o empresário são acusados de simular uma investigação paralela comandada pelo primeiro acusado, para levantar suspeitas das provas que subsidiam o processo judicial, em trâmite na Justiça Federal. Ação essa em que Josino irá a Júri Popular pelo assassinato de Leopoldino.
O empresário está preso na Cadeia Pública de Rondonópolis. Já Pieroni está detido em uma cela no Grupo de Operações Especiais (GOE), em Cuiabá.
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