Repressão a protestos deixa ao menos 19 mortos na Síria
O ditador Bashar al Assad, que enfrenta o maior desafio em seus 11 anos no poder, enviou tropas e tanques para várias cidades nas últimas duas semanas para tentar sufocar a rebelião inspirada nas recentes revoltas de outros países árabes.
A quarta-feira foi um dos dias mais sangrentos desta onda de protestos --descontando as sextas, dia da principal oração islâmica, quando milhares de pessoas têm saído às ruas contra o governo.
Os incidentes mais graves nos protestos aconteceram na província de Deraa (sul), onde a rebelião começou em 18 de março.
Ammar Qurabi, chefe da Organização Nacional pelos Direitos Humanos na Síria, disse que 13 pessoas foram mortas na cidade de Harra, cerca de 60 quilômetros a noroeste de Deraa.
A maioria das vítimas morreu quando tanques bombardearam duas casas. Duas pessoas --uma criança e uma enfermeira-- foram mortas no tiroteio, segundo o ativista.
Tanques também bombardearam um bairro residencial em Homs, terceira maior cidade síria, matando pelo menos cinco pessoas, segundo um ativista local. Uma sexta pessoa morreu diante da sua casa, ao ser baleada na cabeça por um franco-atirador.
"As forças de segurança estão aterrorizando os centros urbanos", declarou Najati Tayara, o ativista em Homs.
O governo sírio não se manifestou, e é difícil confirmar os relatos de forma independente, porque a maior parte da imprensa internacional foi expulsa do país.
A violência tem sido criticada no Ocidente, onde alguns países já impuseram sanções limitadas aos líderes sírios, mas não chegaram a exigir a renúncia de Assad --como fizeram no caso do líder líbio, Muammar Gaddafi, que também enfrenta uma rebelião.
Na quarta-feira, a Síria abdicou da sua candidatura ao Conselho de Direitos Humanos da ONU. Seu embaixador junto à entidade, Bashar Ja-afari, disse que Damasco está "reconsiderando as prioridades" e pode tentar de novo em 2013.
A embaixadora dos EUA na ONU (Organização das Nações Unidas), Susan Rice, disse que a candidatura síria foi bloqueada por governos asiáticos de "bom senso", que se recusavam a apoiar um país "no processo de matar sua própria gente nas ruas, prender milhares e aterrorizar uma população que está buscando se expressar por meios em geral pacíficos".
Em Damasco, as forças de segurança prenderam o líder oposicionista Mazen Adi, do Partido Democrático Popular, segundo ativistas. Eles afirmam que milhares de pessoas foram detidas e agredidas nos últimos dois meses, sendo muitas delas na quarta-feira em Homs e na localidade litorânea de Banias.
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