Para o FMI, Grécia não precisa reestruturar dívida
O diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional) para a Europa, Antonio Borges, descartou nesta quinta-feira que a Grécia precise reestruturar a dívida.
"Existe um programa com o FMI. Queremos que este programa tenha êxito e faremos tudo para conseguir isto", declarou Borges. "Não há um programa milagroso de reestruturação".
"A Grécia pode sustentar sua dívida", afirmou, antes de acrescentar que o FMI deve se manifestar com mais precisão sobre o tema em junho, após a análise das contas gregas por um grupo de especialistas do Fundo, do BCE (Banco Central Europeu) e da UE (União Europeia).
Borges disse ainda que corresponde aos gregos decidir sobre a necessidade de outro programa de ajuda.
"O FMI está sempre disposto a trabalhar com um de seus países membros, caso necessário e se o programa decidido for cumprido. Mas a iniciativa deve vir do governo grego, que não a expressou", disse.
Ao mesmo tempo, o diretor do FMI sugeriu que os gregos coloquem em prática o programa de privatização de 50 bilhões de euros, para aumentar sua "credibilidade" nos mercados.
"Suas dívidas são importantes, mas seus ativos também. O governo grego dispõe de uma carteira de ativos extraordinária, mais importante que muitos outros países europeus".
"Os 50 bilhões que planejam privatizar representam menos de 20% do que poderiam fazer", disse, antes de admitir que privatizar mais "não é fácil".
NOVO SOCORRO
Os rumores de reestruturação da dívida grega se intensificaram na semana passada quando a revista alemã "Der Spiegel" publicou em seu site que o país estuda deixar o euro. A Alemanha é um dos principais partidários da reestruturação.
A Alemanha se recusou na segunda-feira a avalizar um novo pacote de ajuda financeira ao país, afirmando que ainda é cedo para conhecer as reais necessidades financeiras de Atenas.
A agência Dow Jones informou que a Grécia espera obter uma ajuda de 60 bilhões de euros (R$ 138 bi) de seus parceiros europeus até o próximo mês, citando um alto funcionário do governo grego que não foi identificado. Mas um porta-voz do Ministério das Finanças negou.
Segundo a Dow Jones, a Grécia precisaria de 27 bilhões de euros adicionais em 2012 e 32 bilhões de euros em 2013. Propriedades estatais poderiam ser oferecidas como garantia.
"Primeiro, precisamos saber qual é o status; só depois, podemos decidir se algo precisa ser feito e o quê", afirmou a chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, em encontro com correspondentes internacionais do qual a Folha participou, em Berlim.
"Não fazemos nenhum favor à Grécia especulando sobre mais ajuda."
Em maio do ano passado, a Grécia fechou um pacote de ajuda financeira de Ç 110 bilhões com a União Europeia e o FMI (Fundo Monetário Internacional) para sair da crise. Um ano depois, ainda afundada em dívidas, quer que os credores aliviem os termos do acordo.
Uma missão de FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu está desde terça-feira em Atenas para verificar o cumprimento das medidas de austeridade impostas para conceder o empréstimo.
Esta é uma das condições para que a Grécia receba a próxima parcela da ajuda, de 15 bilhões de euros.
Comentários