A declaração é a ponta de um nó que a polícia tenta desatar: se houve ou não uma terceira pessoa envolvida no homicídio do empresário, enforcado por Verônica num motel em Itaipu, na Região Oceânica de Niterói, na madrugada do último sábado.
Ontem, imagens do circuito interno do estabelecimento foram divulgadas e mostram um homem dirigindo a picape de Fábio, mas não é possível identificar se é realmente ele ao volante. Um funcionário do motel contou à polícia que entregou as chaves da suíte ao empresário.
Os vários relacionamentos admitidos por Verônica à polícia não chegam a causar espanto em amigos e colegas da loura. Em Itaipuaçu, onde a estudante mora com a família, são assuntos recorrentes a beleza da estudante e a sua fama de namoradeira.
— Ela chamava a atenção por onde passava. Loura, de olhos claros, ninguém resistia! — conta um colega de turma.
Segundo amigos, a estudante teve pelo menos quatro namorados na adolescência e teria chegado a trair alguns deles. Na vizinhança, comenta-se também que o caso com Fábio era do conhecimento de todos, inclusive dos parentes da jovem. Ele a buscava na Escola Municipal João Monteiro, onde Verônica cursa o 9 ano, e a levava para casa. O casal também iria a restaurantes e motéis frequentemente.
— Como os pais permitiram que ela, com 18 anos, saísse com um cara casado? — questiona a publicitária Patrícia Câmara, mãe de uma aluno do Colégio Evolução, onde Verônica estudou.
Na Rua 16, onde mora Verônica, poucos vizinhos conhecem a intimidade da família da jovem. A casa de três andares, antes ocupada por Verônica, a mãe e a irmã, agora está vazia. Uma luz acesa desde domingo denuncia o abandono. A mãe foi vista pela última vez anteontem, quando entrou e saiu da casa rapidamente. Um vizinho antigo conta que não se surpreendeu com o crime:
— Eles são totalmente desestruturados. O pai morreu há um ano e meio. A mãe não fala com ninguém. Era uma tragédia anunciada.
Horas antes de Fábio Gabriel ser enforcado no motel por Verônica, a estudante teria matado aula com amigos no Recanto, em Itaipuaçu, distrito de Maricá. De acordo com amigos, ela ficou das 18h30m até pouco antes das 22h num ponto final de ônibus com mais de dez colegas da Escola Municipal João Monteiro e de outros colégios da região.
Próximo à praia, o local é conhecido como o principal “point” de adolescentes que escapam da aula em horário escolar. Lá, eles conversam e brincam. Alguns aproveitariam a falta de vigilância para fumar cigarros de maconha.
O estudante Thiago Gomes, de 17 anos, que estava com Verônica na última sexta-feira, conta que não era a primeira vez que a jovem trocava a escola pelo local.
— Ela tinha o costume de fazer isso direto. Ficou a noite inteira com a gente, tranquila, de bobeira. Ninguém imaginaria que ia sair de lá e ia fazer uma coisa dessas — conta, referindo-se ao homicídio do empresário, confessado por Verônica.
As faltas constantes às aulas fizeram com que Verônica Verone repetisse algumas séries. Ela estudou no colégio particular Evolução de 2006 a 2009, onde cursou o 7, 8 e, por duas vezes, o 9ºano do ensino fundamental — série que ainda cursa, desde 2010, na João Monteiro.
A professora de Português Cristina Neto, que deu aulas para a estudante em todas essas séries, recorda-se das dificuldades e da falta de interesse de Verônica pelos estudos.
— Ela não gostava de estudar. Apesar de uma letra linda e ser supercaprichosa, ela faltava muito às aulas. Era uma aluna de regular a fraca — avalia ela.
A direção, funcionários e outros alunos do colégio estão chocados com o crime. A estudante Hana de Oliveira, de 15 anos, diz ainda não acreditar no que aconteceu:
— Quando soube, chorei muito. Foi um choque.
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