Esposa de vendedor foi atingida por um saco de feijão na cabeça; funcionários riram e não ajudaram
Cliente vai à Justiça contra Atacadão por humilhação
O vendedor Victor Leonardo Paoliello, de 33 anos, entrou com uma ação na Justiça contra o supermercado Atacadão, que fica no bairro Porto, em Cuiabá, por danos morais. Ele alega que sofreu constrangimento e cerceamento do direito de ir e vir. A decisão de acionar a Justiça aconteceu após um saco de feijão, de dez quilos, cair de uma prateleira na cabeça de sua esposa, Jocilei Hart, no dia 7 de abril passado.
Ao MidiaNews, Victor afirmou que na ocasião, ao invés de prestarem assistência, os funcionários que estavam no corredor começaram a rir e sequer perguntaram se Jocilei precisava de ajuda. Conforme Victor, a altura entre a estante e o chão era de, aproximadamente, quatro metros.
"Sete funcionários começaram a rir. Minha esposa ficou sem graça, quase chorando, o pescoço estava doendo por conta do impacto e eles começaram a rir. Estava com minha filha de um ano e nove meses no colo e pedi para que parassem, que se não fossem ajudar, ao menos não tumultuassem. Alguns saíram, mas três continuaram e um que cuidava do estoque, falou "vem me fazer parar de rir". Eu não acreditei no que ele falou e ainda completou com "sai daqui que é pior para você"", relembrou.
As ameaças do funcionário do Atacadão, segundo Victor, o deixaram surpreendido. Diante do estado de sua esposa e a reação do estoquista, os dois homens chegaram a se agredir fisicamente. A briga foi separada por clientes do supermercado.
"O que parecia é que ele queria nos humilhar, o mercado estava lotado, já que era início do mês. O que ficou claro é que os funcionários não estavam preparados, desde o início do acontecimento, com uma situação dessas", disse.
Voz de prisão
De acordo com o vendedor, após serem separados, o gerente da unidade foi chamado. Segundo o relato de Victor, surpreendentemente, o gerente "deu voz de prisão" ao cliente, dizendo que ele responderia pelo que havia feito e que deveria esperar a Polícia chegar no local.
"Eu não esperei, minha esposa estava passando mal, precisava levá-la ao hospital. Fui até meu carro, seguido por seguranças, o gerente gritou na frente de todos os clientes para anotar a placa. O que parecia é que eu tinha roubado. Fomos ao hospital e em seguida eu fiz um Boletim de Ocorrência", afirmou.
A ação
Conforme o advogado de defesa de Victor e Jocilei, Francisco Pinho, a ação contra o Atacadão foi protocolada na semana passada, na Justiça comum. Agora, eles aguardam a intimação para uma audiência de conciliação, ainda sem data prevista para ocorrer.
Segundo o advogado, além das alegações feitas, Victor também foi vítima de omissão de socorro, já que o supermercado, em nenhum momento, perguntou se a mulher havia se machucado. Mas tal fato não entrou na ação.
"Protocolamos a ação na esfera cível sobre danos morais, mas não houve documentos comprobatórios necessários para alegar a omissão. O que estamos analisando é se vamos entrar na parte criminal, já que há indícios de cárcere privado", analisou o advogado.
Outro lado
A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação do Atacadão, porém o supermercado afirmou que, neste momento, não irá se pronunciar sobre o caso.
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