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Política
Sexta - 20 de Maio de 2011 às 13:54
Por: Laura Petraglia

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O governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou há pouco, durante entrevista coletiva no Paiaguás, que teme por um conflito na região da reserva Suiá Missú em decorrência da desintrusão de seis mil fazendeiros, colonos e comerticantes, que residem no área há cerca de 18 anos, determinada pelo Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF-1ª), a pedido do Ministério Público Federal (MPF).

Barbosa afirmou ainda que lava as mãos em caso de um convulsão social porque já alertou o governo federal a respeito do alto risco da operação, como foi divulgado em primeira mão pelo Olhar Direto, na noite de terça-feira

 “Fui bem claro com o governo federal que se houver qualquer tipo de conflito ou chacina, durante a operação de desocupação da área em litígio no município Alto da Boa Vista para a retirada das cerca de seis mil famílias de agricultores que lá estão, é um problema exclusivo da União. Eu lavo as minhas mãos, pois estamos avisando o sobre caos social que será gerado há tempo”, afirmou,

O governador disse já ter avisado a União que, caso hajam conflitos, o governo de  Mato Grosso não irá ceder policiais militares para ajudar a conter a situação. Ele pediu ao Ministério da Justiça a remoção dos índios para um parque de propriedade do Governo do Estado, também na região do Araguaia.

Segundo Silval, o Ministério da Justiça se comprometeu a montar equipe técnica com objetivo de analisar se os índios podem ser transferidos para a área oferecida pelo Estado. O Parque do Araguaia, oferecido pelo Estado, possui 225 mil hectares e fica entre os rios das Mortes e do Araguaia.

“Pedi que o ministério descarte a reintegração de posse, via Funai (Fundação Nacional do Índio), pois os ânimos na região estão muito exaltados e propus uma área deslocamento para uma área não antropizada”, afirmou em entrevista ao Olhar Direto.

Entenda o Caso

As seis mil pesssoas a serem retiradas da reserva Suiá-Missu são, em grande maioria, fazendeiros e colonos (posseiros) que estão na suposta reserva há cerca de 18 anos. A área de 168 mil hectares foi homologada como terra indígena em 1998, mas há muita controvérsia.

Os fazendeiros e colonos refutam os argumentos da Fundação Nacional do Índio (Funai) segundo os quais a área percente à etnia xavante. Todos contestam a veracidade de um laudo antropológico emitido em 1995, que certificou a existência de índios xavante na Suiá-Missú.

O Olhar Direto apurou que as terras, em princípio, pertenciam ao Banco do Vaticano, à Liquifarm e à Agência Italiana de Petróleo (Agip). Um registro no Cartório da comarca de São Félix do Araguaia comprovaria uma transação imobiliária entre a Agip do Brasil, que seria proprietária da área desde o começo dos anos 60, e Jurandir de Souza Ribeiro.

Na década de 60 a Agropecuária Suiá-Missú ocupou a região e teria promovido a degradação do meio ambiente, diminuindo os meios de subsistência dos índios. Os nativos foram retirados e levados para a Terra iIdígena São Marcos, no sul de Mato Grosso.

Desde 1998 a área da fazenda onde está sutuada a fazenda Suiá-Missú é reconhecida como território tradicionalmente dos índios xavantes por decreto do presidente da República. A área fica entre os municípios de Alto Boa Vista, Bom Jesus do Araguaia e São Feliz do Araguaia. Marãiwatsede significa, no idioma xavante, mato fechado, mata perigosa.


 






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