"Adquiri o hábito da heroína em Nova York", contou Dylan ao amigo Robert Shelton, em uma entrevista de março de 1966.
"Fiquei muito, muito viciado por um tempo, digo realmente viciado. E me livrei do hábito. Eu tinha um hábito que custava cerca de 25 dólares por dia e me livrei dele", disse.
Acredita-se que esta tenha sido a única vez em que o compositor de "Like a rolling stone" confessou seu vício na droga.
A entrevista de duas horas, transmitida pela rádio BBC, foi feita durante um voo no jato particular de Bob Dylan, durante uma turnê pelos Estados Unidos. Ele e Shelton, crítico musical que ajudou a alavancar sua carreira, iam de Lincoln, Nebraska, a Denver, no Colorado.
Além de falar sobre a heroína, Dylan, então com 24 anos, revela na fita que pensou em cometer suicídio.
"A morte para mim não é nada... A morte para mim não significa nada, contanto que eu possa morrer rápido. Por muitas vezes eu soube que seria capaz de morrer rápido, e eu poderia facilmente ter ido em frente e feito isto", afirma o cantor.
"Admito que tenho esta coisa suicida... Mas sobrevivi desta vez", acrescentou.
Indagado sobre suas composições, Dylan diz que leva seu trabalho "menos a sério do que qualquer pessoa, destacando que "isso não vai me fazer feliz".
"Você não pode ser feliz fazendo uma coisa legal", afirma.
Voltando ao tema do suicídio, o jovem cantor reflete: "Não sou o tipo de cara que vai cortar fora uma orelha se não consegue fazer alguma coisa. Sou o tipo de cara que simplesmente cometeria suicídio.
"Daria um tiro na cabeça se as coisas ficassem ruins; pularia de uma janela... Cara, eu daria um tiro em mim mesmo. Você sabe que eu posso pensar sobre a morte, abertamente".
As fitas da entrevista foram descobertas durante a pesquisa para a edição revisada da biografia de Bob Dylan, "No Direction Home", assinada por Robert Shelton e publicada pela primeira vez em 1986.
A nova edição coincide com o aniversário de 70 anos do cantor, na próxima terça-feira.
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