OCDE recomenda que Brasil aumente os juros para evitar inflação
O Brasil deveria aumentar os juros para prevenir altas nas expectativas inflacionárias, recomendou a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em um relatório sobre a previsões da economia mundial, divulgado nesta quarta-feira em Paris.
A organização afirma que os gastos maciços em infraestrutura no Brasil permitirão alimentar um crescimento interno sólido nos próximos anos.
"Em razão disso, tensões inflacionárias poderão ocorrer em um contexto marcado por um mercado de trabalho aquecido e pela dissipação dos efeitos de valorização da moeda", diz o relatório "Perspectivas Econômicas da OCDE", divulgado semestralmente.
A organização prevê que a inflação no Brasil será de 6,6% neste ano e de 5,1% em 2012.
O relatório afirma que o Banco Central brasileiro retomou a política de aperto monetário, adotando diversas medidas para limitar a expansão do crédito.
"No entanto, novos aumentos nas taxas de juros são necessárias para prevenir qualquer desancoramento das expectativas de inflação", diz o texto.
CRESCIMENTO
Em 2011, a economia brasileira deverá crescer 4,1%, segundo a OCDE. Em 2012, o PIB deverá aumentar 4,5%.
"O anúncio de que os cortes nos gastos públicos vão poupar programas sociais e de infraestrutura é bem-vindo. Mas ele teria maior credibilidade se fosse acompanhado de um plano a médio prazo de controle orçamentário que favoreceria o crescimento", afirma a entidade.
O estudo diz ainda que "as economias emergentes devem prestar atenção ao riscos de grande aquecimento de suas economias, que agravam as tensões inflacionárias".
No relatório, a organização afirma também que a retomada do crescimento mundial "está no caminho, mas permanece rodeada de incertezas".
O PIB mundial deverá aumentar 4,2% neste ano e 4,6% em 2012. Nos Estados Unidos, o crescimento, segundo previsões da OCDE, deverá ser de 2,6% em 2011 e de 3,1% no próximo ano.
No Japão, a economia deverá encolher 0,9% em 2011 e registrar crescimento de 2,2% em 2012.
Já o PIB chinês deverá aumentar 9% neste ano e 9,2% em 2012.
RISCO DE DETERIORAMENTO
A OCDE ressalta que há riscos de deterioração de suas previsões, decorrentes, sobretudo, da possibilidade de novos aumentos dos preços do petróleo e das matérias-primas, que poderiam alimentar a inflação.
A recuperação da economia mundial também poderia ser abalada por uma desaceleração mais acentuada do que a prevista da economia chinesa.
A situação orçamentária instável dos Estados Unidos e do Japão e a vulnerabilidade de países da zona do euro, como a Grécia, a Irlanda e Portugal, também podem afetar as previsões, de acordo com a organização.
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