Uma semana depois de ter sido assassinado com um tiro na cabeça dentro da USP, o estudante de economia Felipe Ramos de Paiva, de 24 anos, recebeu na noite desta quarta-feira (25) uma homenagem de amigos, professores e familiares. Cerca de cem pessoas se reuniram na Praça do Relógio, que fica próxima à reitoria da universidade, para um ato em memória da morte, que completa sete dias.
Os pais e a irmã de Paiva acompanharam a celebração. "Creio que vai haver justiça. Isso não pode cair no esquecimento", disse a dona de casa Zélia Ramos de Paiva, mãe da vítima. Ao falar sobre a morte do filho, ela resumiu a última semana: "é a sensação de que o tempo não passou. Que a gente vai acordar amanhã e ver que é tudo mentira".
O ato, que teve leitura de textos e dois poemas feitos por Paiva, foi organizado por amigos da USP. No final, emocionados, todos jogaram para o alto balões brancos.
Estudantes levam balões brancos (Foto: Carolina
Iskandarian/G1)
A irmã do estudante, Amanda Ramos de Paiva, de 21 anos, chorou bastante em alguns momentos da cerimônia. Ela leu um dos dois poemas que contou ter achado no quarto do irmão depois de sua morte. "São poemas que falam sobre o amor, a vida e a liberdade", disse ela, que, com medo, deixou o cursinho pré-vestibular que fazia à noite.
"Meu sonho de USP foi morto. Eu sonhava em voltar para casa e dizer para ele que passei na universidade porque ele sempre me perguntava quando ia entrar na USP", afirmou a jovem, que pretende fazer medicina.
A então namorada de Paiva, Maiara Marins Lopes, também de 24 anos, leu o outro poema atribuído ao jovem. “Ele sempre recitou parte desse poema para mim”, afirmou Maiara. Um dos trechos falava que “a vida é imperfeita, cheia de altos e baixos (...); nem sempre tem um final feliz, mas tem que ser vivida intensamente”. Depois, a garota completou: “ele sempre viveu intensamente, com alegria e amor”.
O professor Luis Augusto Carneiro, do curso de contabilidade e atuária, foi o primeiro a falar, abrindo a cerimônia. Ele disse que o assassinato “foi um choque” para todos e afirmou que a comunidade acadêmica será mais presente nas discussões contra a violência.
“Daqui para a frente seremos mais ativos nos debates sobre segurança. Faremos o possível para que não aconteça com os outros o que aconteceu com o Felipe.” Ele descreveu o aluno como um rapaz “solícito, inteligente, dedicado” e “com ideias originais”.
Os pais do estudante assassinado e a irmã dele se emocionam durante manifestação (Foto: Carolina Iskandarian/G1)
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