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Internacional
Quinta - 26 de Maio de 2011 às 19:59

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Durante os 16 anos em que permaneceu escondido, o ex-general sérvio-bósnio Ratko Mladic, preso nesta quinta-feira, aparentemente recebeu ajuda não só em seu próprio país, mas em outros também.

Mladic era o mais importante acusado de crimes de guerra e genocídio na Bósnia ainda foragido.

Segundo o site de notícias sérvio B92, a polícia sérvia encontrou o general Mladic no vilarejo de Lazarevo, na província de Vojvodina, no norte da Sérvia e descobriu que ele estava usando o nome de Milorad Komadic.

Mladic foi chefe do Exército do líder sérvio-bósnio Radovan Karadzic durante toda a Guerra da Bósnia (1992-1995). Ele foi indiciado pelo Tribunal de Guerra da ONU pelo massacre de ao menos 7,5 mil pessoas na cidade bósnia de Srebrenica, em 1995.

À medida que o tempo passou, os países ocidentais ficaram mais determinados em prender Mladic e aumentaram a pressão sobre a Sérvia.

O Tribunal Criminal Internacional para a ex-Iugoslávia, com sede em Haia, afirmou que acreditava que Mladic estava escondido na Sérvia há anos, "ao alcance" das autoridades do governo.

Com base nesta avaliação, e na avaliação dos serviços secretos de países ocidentais, a União Europeia alertou a Sérvia várias vezes para o fato de que não entregar Mladic poderia ameaçar o objetivo do país de passar a ser membro do bloco europeu.

O governo sérvio foi acusado de encenar buscas policiais para satisfazer o promotor-chefe do tribunal de Haia, Serge Brammertz, para coincidir com suas visitas.

Um apartamento de pertencia ao filho do ex-general, Darko Mladic, foi alvo de várias buscas.

Em maio de 2006 a União Europeia chegou a congelar as negociações com a Sérvia para o Acordo de Estabilização e Associação, um passo preliminar em direção à entrada no bloco.

Os políticos sérvios, por sua vez, sempre negaram que Mladic estava ao alcance das autoridades do país. Correspondentes afirmam que a verdade pode ser que, na maior parte do tempo, eles realmente não sabiam onde o ex-general estava.

LIVREMENTE

Mladic foi indiciado por crimes de guerra em 1995, mas viveu abertamente na Sérvia até depois de o ex-presidente iugoslavo Slobodan Milosevic ter sido retirado do poder em 2000. Ele continuou como oficial da força militar sérvio-bósnia até 2002 e retirava sua pensão do Exército em Belgrado até o final de 2005.

Mladic também visitaria regularmente áreas na Bósnia para comemorar aniversários com colegas da época da guerra e também fazia caçadas em florestas mais afastadas.

Em 2009 um vídeo foi divulgado, mostrando imagens que seriam de Mladic, durante o inverno, com duas mulheres. O homem no vídeo afirmava que estava com a esposa e a enteada em uma estação de esqui.

As imagens, divulgadas pela TV da Federação Bósnia, teriam sido filmadas em 2008.

Em 2002 o repórter da BBC Paul Martin foi até Belgrado onde ele acreditava que Mladic estava se escondendo. Uma mulher também tinha afirmado que viu Mladic passeando com o cachorro em um parque.

MUDANÇA

Carl Bildt, ex-enviado da ONU à Bósnia depois da guerra, disse à BBC que membros da Otan não tomaram nenhuma providência para capturar Mladic, para o caso de estas medidas prejudicarem a frágil paz logo depois da Guerra da Bósnia.

"Acho que havia uma espécie de relutância coletiva dos comandantes militares da Otan, e não havia apenas o comando militar americano, era o comando britânico também", afirmou.

"A razão é que eles temiam que, caso eles tomassem providências (...) contra Ratko Miladic, haveria perturbações políticas significativas de alguma forma ou de outra."

Durante anos, o governo sérvio foi acusado de relutância parecida para entregar o ex-líder político Radovan Karadzic. Ele foi preso e entregue ao tribunal de Haia em julho de 2008.

Rasim Lkajic, ministro sérvio para a Cooperação com o Tribunal de Haia, afirmou que as autoridades de segurança na verdade encontraram Karadzic, muito disfarçado, enquanto buscavam por Mladic.

E parece que uma mudança no governo no começo do ano também trouxe uma mudança de atitude.

Nas eleições parlamentares do país, o Partido Democrático do presidente, Boris Tadic, que é pró-europeu, foi bem e conseguiu construir uma coalizão pró-Europa.

Semanas depois de o novo primeiro-ministro assumir o cargo, Mirko Cvetkovic, Karadzic foi preso. Então, o ex-general Ratko Mladic deve ter pressentido que seus dias de liberdade estavam contados.






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