Convocação de Palocci vira decisão pessoal para bancada religiosa
A convocação do ministro Antonio Palocci (Casa Civil) para prestar explicações sobre a multiplicação de seu patrimônio, revelada pela Folha, deixou de ser ameaça unânime da bancada religiosa ao governo e virou "decisão de foro íntimo" para os cerca de 280 deputados federais evangélicos e católicos.
O afrouxamento na posição dos religiosos quanto à necessidade de Palocci se explicar aconteceu depois que a presidente Dilma Rousseff (PT) suspendeu a distribuição dos materiais do "kit de combate à homofobia nas escolas", do MEC.
O deputado Marco Feliciano (PSC-SP), que foi um dos impulsores da campanha de Dilma entre os evangélicos no ano passado, admitiu nesta quinta-feira em Ribeirão Preto (313 km de SP) que o ministro estava na mira dos religiosos como uma "moeda de troca" na disputa contra o ministro da Educação, Fernando Haddad, que prometia a distribuição do kit.
"Naquele momento, todos nós, evangélicos e católicos, tínhamos uma posição firmada sobre isso [convocação de Palocci]", disse. Depois do recuo do governo, segundo Feliciano, o grupo de religiosos já não é mais tão rígido sobre o assunto. "Agora, essa é uma decisão de foro íntimo. Se tivermos de assinar a convocação de Palocci, cada deputado decidirá conforme sua consciência".
UNIÃO
Ontem, os deputados que integram a Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional formalizaram o projeto de decreto legislativo que tenta suspender os efeitos da decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), de 5 de maio, que reconhece a estabilidade de uniões homoafetivas.
Agora, dependerá da Mesa Diretora da Câmara definir quando a proposta irá para votação em plenário. Outra medida em articulação na Câmara é a realização de um plebiscito sobre a união civil entre homossexuais. Segundo Feliciano, se organizada, a bancada religiosa terá maioria para aprovar as duas propostas.
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