Exigências dos casais acaba limitando que mais crianças sejam adotadas. Em muitos casos, adolescentes completam 18 anos e têm que deixar abrigo.
MT tem 69 crianças e adolescentes na fila de espera para adoção

Mato Grosso tem 69 crianças e adolescentes aptos para serem adotados. E 400 casais estão cadastrados na lista de adoção, o que dá uma média de cinco famílias para cada criança. Isso deveria facilitar a adoção, mas em Mato Grosso a lista de crianças e adolescentes a serem adotados só tem aumentado por conta das exigências dos casais. Eles têm preferência por meninas brancas, com até dois anos e saudáveis, o que faz com que 30 adolescentes com idades entre 14 e 17 anos encontrem dificuldades em encontrar um novo lar.

Cada vez é mais comum que os jovens que vivem em abrigos completem 18 anos antes de ser adotados ou reintegrados à família. Quando isso acontece e o adolescente completa a maioridade, ele deve sair do abrigo, o que nem sempre é fácil. O jovem só é totalmente desligado do programa de adoção quando tiver onde morar e condições financeiras para se sustentar.

De acordo com Isis Novaes Hauer, coordenadora do Programa de Abrigamento em Casas Lares, assim que o jovem completa 18 anos ele começa a ser inserido na sociedade. "Eles são preparados para ter uma vida própria no pós-abrigo. Nós damos suporte até que eles tenham como se sustentar e isso não há uma idade limite. Na maioria das vezes nós acompanhamos os jovens até os 20 anos de idade", afirma.

O psicólogo Walter Gomes de Souza, chefe da Coordenadoria de Adoção do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, esteve em Mato Grosso para os eventos da Semana Nacional da Adoção e afirmou que as crianças acolhidas em lares de adoção precisam ser respaldadas por um trabalho desenvolvido por uma equipe psicossocial. Esse é o trabalho que as "Casas Lares" fazem. A chamada "Casa Lar" tem a rotina de uma casa comum e funciona com a ajuda de uma mãe social, que mora nas casas, cozinha, organiza as crianças e o mais importante, também oferece suporte emocional.

Segundo a coordenadora das casas, o incentivo dado aos jovens faz com que eles tenham mais confiança e consigam uma estabilidade emocional quando saem do projeto. "Eles têm possibilidade de convivência, fazem vários cursos, constróem vínculos emocionais e são incentivados a aprender a se cuidar sozinhos", explica Isis.

Semana da Adoção
A Semana Nacional da Adoção acontece em todo o estado e tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a adoção. O evento termina nessa sexta-feira (27) e é promovido pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja) para discutir a adoção no Brasil por meio de palestras. Em Cuiabá, as palestras serão no Fórum da capital.