Família de líderes mortos no PA diz temer novo atentado
A família do líder extrativista José Claudio Ribeiro da Silva, morto na terça-feira (24) em uma emboscada em Nova Ipixuna (PA), diz estar com medo de continuar a morar em um assentamento na zona rural do município.
Era no Assentamento Agroextrativista Praialta Piranheira que José Claudio, 54, morava com a mulher, Maria do Espírito Santo da Silva, 53, também assassinada. Três irmãos e a mãe dele ainda vivem no local.
"Eu queria continuar com a luta deles, mas tem hora que dá receio", diz a irmã Claudenir Ribeiro dos Santos, 35, que planeja alugar uma casa na cidade.
O casal foi enterrado ontem em Marabá (PA).
Claudenir acompanhou uma comitiva formada por familiares, deputados e representantes do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e do Meio Ambiente e da Procuradoria.
Eles foram ao assentamento, num caminho de estrada de terra com paisagens ora desmatadas para pasto, ora de floresta quase fechada. No local do crime, movimentos sociais e familiares querem construir um monumento.
"Como vou passar todo dia aqui? Dá um aperto no coração", diz Claudenir, professora de uma escola do assentamento. Ela era colega de turma de Maria do Espírito Santo no curso de pedagogia do campo, da UFPA (Universidade Federal do Pará). A formatura será em junho.
Na sede da associação dos assentados, enquanto representantes do poder público diziam que cobrariam investigações e soluções para problemas agrários, familiares ficaram dentro de um galpão.
Os familiares têm receio de um homem que, relatam eles, trabalha para um fazendeiro e poderia estar presente como informante.
Tarso Sarraf/Folhapress | ||
Funeral do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva em Marabá (PA) |
PARALISAÇÕES
De manhã, um protesto contra os assassinatos paralisou trecho da BR-155, em Marabá, e impediu a passagem de um trem da Vale.
A ponte do rio Tocantins, por onde passou o cortejo do enterro, ficou paralisada das 5h às 10h. Cerca de 2.000 pessoas atravessaram os mais de dois quilômetros da ponte, acompanhando os corpos até o cemitério da Saudade.
Bandeiras do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), ao qual o casal não era filiado, acompanharam o cortejo.
Os caixões foram enterrados em buracos de terra.
A polícia diz que trabalha com uma lista de vários suspeitos e tem várias hipóteses para o crime.
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